
O gabinete de segurança política de Israel aprovou, na madrugada desta sexta-feira (8), um plano para que o exército assuma o controle da Cidade de Gaza, no norte do território palestino. Esta medida visa ampliar as operações militares já em andamento, conforme reportado pela Reuters, e ocorre em meio a crescentes críticas relacionadas ao genocídio na região.
Em um comunicado oficial, o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou: “As Forças de Defesa de Israel (IDF) se prepararão para assumir o controle da Cidade de Gaza enquanto fornecem ajuda humanitária à população civil fora das zonas de combate.”
O plano, aprovado hoje, concentra-se especificamente na Cidade de Gaza. De acordo com o jornalista Barak Ravid, do Axios, que citou uma autoridade israelense, a estratégia inclui a evacuação de civis palestinos e o lançamento de uma ofensiva terrestre na área.
Netanyahu reiterou que Israel pretende controlar toda a Faixa de Gaza, com a intenção de posteriormente transferir a administração para “forças árabes”. Ele afirmou: “Não queremos mantê-lo. Queremos ter um perímetro de segurança. Não queremos governá-lo. Não queremos estar lá como um órgão governante”, sem, contudo, especificar quais nações poderiam participar dessa governança.
Fontes do governo israelense indicaram que uma reunião anterior com o chefe das forças armadas, Eyal Zamir, foi tensa, com Zamir expressando resistência à expansão imediata da campanha. Entre as opções consideradas, estava a ocupação gradual de áreas ainda não sob controle militar israelense, precedida por avisos de evacuação à população.
O gabinete de Netanyahu argumenta que as alternativas discutidas não assegurariam a derrota do Hamas nem o retorno dos prisioneiros israelenses. Atualmente, segundo autoridades, 50 reféns permanecem em Gaza, sendo 20 deles ainda vivos. A maioria dos libertados até o momento foi resultado de negociações diplomáticas, que foram interrompidas em julho.
O Hamas descreveu as declarações de Netanyahu como “um golpe flagrante” contra o processo de negociação. Em nota, o grupo afirmou: “Os planos de Netanyahu de expandir a agressão confirmam, sem sombra de dúvida, que ele busca se livrar de seus prisioneiros e sacrificá-los.”
Países árabes também se manifestaram. Uma fonte oficial jordaniana disse à Reuters que “a segurança em Gaza deve ser tratada por instituições palestinas legítimas” e que qualquer solução só terá apoio regional se houver concordância dos palestinos. Osama Hamdan, líder do Hamas, declarou à Al Jazeera que qualquer força designada para governar Gaza será vista como “ocupante” e aliada de Israel.
No início do ano, Israel e Estados Unidos rejeitaram uma proposta egípcia, apoiada por líderes árabes, que propunha a formação de um comitê administrativo de tecnocratas palestinos independentes para governar Gaza no pós-guerra.
Pesquisas de opinião revelam que a maioria da população israelense apoia um acordo para a libertação dos reféns restantes. A Casa Branca não se pronunciou sobre o novo plano. O presidente dos EUA, Donald Trump, também evitou comentar se apoia ou não a medida.
A ONU expressou preocupação, classificando como “profundamente alarmantes” os relatos de uma possível intensificação das operações militares israelenses. Internamente, a proposta — defendida principalmente por ministros de extrema direita da coalizão de Netanyahu — também gera divergências.
Enquanto isso, a crise humanitária se aprofunda. Imagens recentes de crianças famintas e de refugiados vivendo em tendas na Cidade de Gaza têm gerado indignação global. Organizações internacionais alertam que o bloqueio e as ações militares estão agravando a fome e a escassez de recursos em Gaza.