POLÍTICA

Brasil convoca chefe da embaixada dos EUA e diz que ameaças a Moraes são inaceitáveis

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Foto: Reprodução

O Ministério das Relações Exteriores convocou novamente o chefe da embaixada americana no Brasil, Gabriel Escobar, para uma nova reprimenda diante das recentes publicações da representação diplomática dos Estados Unidos no país, conforme informações do Estadão.

O Itamaraty afirmou que as mensagens configuram “clara ingerência” em assuntos internos e “ameaças inaceitáveis” a autoridades brasileiras, especialmente ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo diplomatas, Escobar foi recebido pelo embaixador Flavio Goldman, interino da Secretaria de Europa e América Latina, que expressou “profunda indignação” com o tom e o conteúdo das postagens da embaixada e do Departamento de Estado.

Para o governo brasileiro, as declarações violam o artigo 41 da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, que obriga representantes estrangeiros a não interferir em questões internas.

As críticas dos EUA ganharam força nesta quinta-feira (7), quando a embaixada comandada por Escobar afirmou que “há censura, perseguição política e violações de direitos humanos no Brasil”, atribuindo tais condutas a Moraes.

“O ministro Moraes é o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores. Suas flagrantes violações de direitos humanos resultaram em sanções pela Lei Magnitsky, determinadas pelo presidente Trump. Os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes. Estamos monitorando a situação de perto”, escreveu a embaixada no X.

O conteúdo reproduziu mensagem do subsecretário para Diplomacia Pública, Darren Beattie, que, por sua vez, compartilhou uma postagem do Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental, unidade do Departamento de Estado responsável por temas relacionados ao Brasil. A publicação condenava a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e cobrava: “Deixem Bolsonaro falar”.

Alexandre de Moraes foi incluído pelo governo Trump na lista de sancionados da Lei Global Magnitsky, que impede sua entrada nos EUA, bloqueia bens e restringe o acesso a serviços de empresas norte-americanas. Até então, a medida era usada apenas contra violadores de direitos humanos, ditadores e criminosos.

A decisão, segundo Washington, responde à ação penal por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 — processo no qual Jair Bolsonaro é réu — e às determinações judiciais sobre redes sociais.

“Intromissões”

Embora reconheça que a embaixada segue diretrizes de Washington, o Itamaraty vê essas manifestações como reiteradas intromissões, passíveis de resposta pelos canais diplomáticos formais.

A nova convocação de Escobar foi a quarta desde o início do governo Donald Trump — as anteriores trataram da deportação de imigrantes, de manifestações políticas e da carta presidencial sobre o tarifaço.

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