
O presidente da Câmara, Hugo Motta, vive o momento mais delicado desde que assumiu o comando da Casa, há dez meses, e tem sido alvo de críticas que vão da esquerda à direita, gerando desgaste e desgaste em sua base.
A tensão aumentou após a deflagração de uma operação da Polícia Federal sobre emendas parlamentares, na sexta-feira, 12, autorizada pelo ministro do STF Flávio Dino, que atingiu assessores ligados a líderes anteriores e ampliou atritos internos.
No plenário, a aprovação de um projeto que reduz penas do ex-presidente Jair Bolsonaro desencadeou protestos, retirada à força do deputado Glauber Braga e pedidos de renúncia contra Motta, evidenciando o isolamento político do presidente da Câmara.
Conforme reportagem de O Estado de S.Paulo e do 247.
Operação da Polícia Federal e o impacto nas alianças
A operação da Polícia Federal sobre emendas parlamentares, deflagrada na sexta-feira, 12, por autorização do ministro do STF Flávio Dino, atingiu a servidora Mariângela Fialek, conhecida como Tuca, ex-braço direito de Arthur Lira, e provocou maior distância entre o ex-presidente da Câmara e seu sucessor.
O episódio reacendeu velhas rivalidades e fez aliados históricos de Hugo Motta questionarem a condução política no comando da Casa, ao mesmo tempo em que aumentou a desconfiança entre grupos próximos ao Planalto.
Votação tumultuada, protestos e cobranças públicas
A aprovação do projeto que reduz penas a Bolsonaro foi marcada por tumulto no plenário, e pelo protesto de Glauber Braga (PSOL-RJ), retirado à força da cadeira da presidência, o que motivou manifestações convocadas pela esquerda.
O cantor Caetano Veloso convocou atos ao afirmar, “Vamos devolver o Congresso para o povo”, e o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), pediu a renúncia de Motta, declarando, “Vossa Excelência está perdendo as condições de continuar na presidência dessa Casa”.
Parlamentares de diferentes espectros atribuíram a Motta a condução que levou ao episódio e aumentaram as cobranças públicas sobre sua permanência.
Isolamento político e temor por agenda econômica
Além de críticas da esquerda, Hugo Motta passou a ser criticado pelo PL, que o acusa de ter traído Bolsonaro, e por Arthur Lira, que defendeu a cassação de Glauber e atribuiu a Motta o fracasso da votação.
Aliados admitem que Motta tenta a conciliação, mas sofre resistência, e citam que ele tem recebido ataques de distintos lados. Como resumiu o deputado Danilo Forte, “Hugo está tentando fazer um jogo de conciliação, mas vem sendo mal-compreendido. Com isso, ele apanha da direita, da esquerda e do governo”.
No Planalto, cresce o receio de que o impasse político comprometa a agenda econômica e o Orçamento de 2026, elevando a pressão por soluções que diminuam o isolamento do presidente da Câmara.
Consequências e próximos passos
Isolado e sem respostas públicas recentes a questionamentos da imprensa, Motta passa a ser reavaliado por aliados históricos e por partidos que antes o apoiavam, enquanto tentativas de conciliação ainda não surtiram efeito claro.
O cenário permanece volátil, com divisão entre apelos por renúncia, pedidos de cassação e a preocupação do governo com o calendário econômico, o que deverá ditar os próximos capítulos da crise política em torno de Hugo Motta.



