POLÍTICA

Um dos maiores economistas da França critica acordo UE-EUA: “Fracasso para a Europa”

O economista Christian Saint-Étienne. Foto: Divulgação

O acordo comercial fechado neste domingo (27) entre a União Europeia e os Estados Unidos já começa a provocar reações negativas entre analistas europeus. Em entrevista à rádio Europe 1, o economista Christian Saint-Étienne afirmou que o tratado representa uma derrota para a UE nas negociações com Washington.

As conversas se encerraram na Escócia, a poucos dias do prazo final previsto para 1º de agosto. Segundo Saint-Étienne, os termos favorecem amplamente os EUA e expõem a fragilidade da Comissão Europeia sob o comando de Ursula von der Leyen.

“Quando as negociações começaram, a meta era zerar os impostos. Depois, 10% passou a ser o teto aceitável. Fechar em 15% é um fracasso”, afirmou. Para ele, Von der Leyen tenta apresentar o acordo como uma vitória por razões políticas: “Ela grita vitória para tentar salvar o cargo, mas é um acordo muito ruim do ponto de vista estratégico.”

A pressão veio do próprio presidente Donald Trump, que chegou a ameaçar tarifas de até 30% sobre produtos europeus. O recuo para 15% foi interpretado como uma “concessão mínima”, diante de uma postura agressiva.

Presidente dos EUA Donald Trump. Foto: Divulgação

“O fluxo comercial entre Europa e EUA é de 1,7 trilhão de euros. Mesmo assim, Trump negociou com a UE como se estivesse lidando com Camarões ou África do Sul”, disse Saint-Étienne, que concluiu: “A Comissão Europeia não foi capaz de usar o peso econômico do bloco.”

Saint‑Étienne é professor emérito e titular da Cátedra Jean‑Baptiste Say de economia industrial no Conservatoire National des Arts et Métiers (CNAM) desde 2009.

Antes disso, atuou como economista no Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington e na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em Paris. Também foi professor na Universidade Paris‑Dauphine, além de participar do Conselho de Análise Econômica na França.

Ele possui dois mestrados em economia, um pela London School of Economics e outro pela Carnegie Mellon University, e um doutorado de Estado em Ciências Econômicas pela Universidade de Paris II Assas.

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