
Após os Estados Unidos oficializarem o tarifaço contra produtos brasileiros e aplicarem sanção ao ministro Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que “hoje é o dia sagrado da soberania”. A fala ocorreu durante cerimônia no Palácio do Planalto, onde Lula sancionava um projeto de lei sobre testes cosméticos em animais. Em seguida, o presidente afirmou que faria uma reunião para “defender a soberania” do povo brasileiro.
A medida norte-americana, anunciada por meio de decreto assinado pelo presidente Donald Trump, impõe uma tarifa adicional de 40% sobre produtos do Brasil, elevando a cobrança total para 50%. No entanto, o decreto incluiu uma lista com quase 700 exceções, que preserva itens como aviões da Embraer, petróleo, celulose, suco de laranja e castanhas. A entrada em vigor da tarifa foi adiada em sete dias.
Paralelamente, o governo dos EUA aplicou a Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal. O ato administrativo inclui sanções e divulgação de dados pessoais do magistrado. A decisão ocorre em meio à escalada de tensões entre os governos de Lula e Trump, agravadas por acusações de interferência dos Estados Unidos no funcionamento do Judiciário brasileiro.
No Brasil, a lei é para todos. Os Três Poderes são independentes. Nosso país é soberano e guiado pela Constituição.
Entrevista ao @nytimes.
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No Planalto, Lula convocou ministros para uma reunião de emergência. Participam o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o advogado-geral da União, Jorge Messias. A avaliação do governo é de que a retaliação dos EUA tem motivações políticas e será enfrentada com forte discurso em defesa da soberania e das instituições nacionais.
A medida de Trump também está sendo associada a pressões por vantagens comerciais, incluindo abertura para big techs e remoção de barreiras tarifárias. Apesar das exceções, setores diretamente afetados pela nova tarifa, como o de carnes e frutas, alertam para riscos de colapso, perdas de emprego e queda de renda em regiões produtoras.
Além das repercussões econômicas, a ofensiva contra Moraes provocou reações no meio político. O governador Eduardo Leite repudiou a aplicação da Lei Magnitsky, afirmando que “não podemos concordar que outro país tente interferir”. A crise aprofunda o embate diplomático entre Brasil e Estados Unidos e coloca o bolsonarismo no centro da controvérsia sobre apoio externo contra instituições brasileiras.