
A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) admitiu que usou sua bebê de 4 meses como escudo humano durante a ocupação do plenário organizada por parlamentares da oposição nesta quarta-feira (6). Mas a atitude contrasta com o que a própria deputada disse anos atrás ao comentar sobre o genocídio na Faixa de Gaza.
Zanatta apareceu, em meio ao motim bolsonarista, com a bebê sentada na cadeira do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Horas depois, ela escreveu nas redes sociais:
“Os que estão atacando minha bebê não estão preocupados com a integridade da criança (nenhum abortista jamais esteve); eles querem é INVIABILIZAR o exercício profissional de uma MULHER usando SIM uma criança como escudo.”
Em 2023, a bolsonarista condenou o uso de civis como escudos humanos ao comentar sobre o conflito entre Israel e Hamas. Hoje, em 2025, Zanatta repete a atitude e usa a própria filha. Hipocrisia, não?
“Os próprios extremistas do Hamas admitem que utilizam a morte de civis como um instrumento de guerra, utilizando inocentes como escudo humano, e os hospitais como depósitos de armamento”, escreveu no X anos atrás.

A deputada, que antecipou o fim da licença-maternidade para participar da mobilização, também disse em 2022 que o uso de crianças em um protesto era caso de Conselho Tutelar. E foi exatamente o que aconteceu: o deputado federal Reimont (PT-RJ) acionou o Conselho Tutelar contra a bolsonarista após o episódio de ontem.

“Tal conduta suscita sérias preocupações quanto à segurança da criança, que foi exposta a um ambiente de instabilidade, risco físico e tensão institucional, circunstâncias que contrariam o previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”, escreveu Reimont no documento enviado ao Conselho Tutelar de Brasília.
Reimont, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, também afirmou que a bolsonarista “ocupou de forma irregular e deliberadamente confrontacional a mesa diretora” da Casa.
O objetivo dos bolsonaristas era obstruir as atividades legislativas do dia em protesto contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), pressionar para que o projeto de lei que visa anistiar os golpistas do 8 de Janeiro seja pautado e pedir o impeachment do ministro Alexandre de Moraes.