POLÍTICA

Guerra tarifária: Trump impõe tarifas a mais de 90 países; bolsas caem

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva na noite desta quinta-feira (31/07) impondo novas tarifas sobre produtos importados de 92 nações. Países que não foram especificamente listados enfrentarão uma tarifa básica de 10%.

As taxas, que variam entre 10% e 41%, entram em vigor a partir do dia 6 de agosto, com exceção do México, que recebeu uma prorrogação de 90 dias para tentar chegar a um acordo com Washington.

Entre os países atingidos estão aliados históricos dos EUA, membros da União Europeia e nações em situação de guerra ou pobreza extrema. Síria (41%), Brasil (40%) e Laos e Mianmar (40%) receberam as tarifas mais elevadas. A Suíça terá uma alíquota de 39%; o Iraque, 30%; a África do Sul e Líbia, 30%; Taiwan e Sri Lanka, 25%.

O Brasil foi diretamente afetado pela nova medida, os 10% anteriores somam-se aos 40%, totalizando 50%. A elevação foi alegada como uma punição do país pelo julgamento do ex-presidente e réu no Supremo Tribunal Federal (STF), Jair Bolsonaro, constituindo flagrante interferência de Washington na soberania nacional.

China, Índia, Canadá e México

A China, maior parceiro comercial dos EUA, foi incluída em um cronograma separado devido aos acordos com o Washington que seguem em andamento. Suas tarifas estão programadas para entrar em vigor em 12 de agosto, com uma trégua já acordada em princípio, mas que precisa ser oficialmente aprovada pela Casa Branca.

A Índia foi atingida com uma tarifa de 25%, em meio ao desgaste do relacionamento entre Trump e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. Nos últimos dias, o presidente americano intensificou as críticas às taxas aplicadas pela Índia e às suas compras de petróleo da Rússia. Entre os principais produtos indianos exportados aos Estados Unidos estão eletrônicos e medicamentos, setores diretamente impactados pelas novas tarifas.

O Canadá, que até então enfrentava uma tarifa de 25%, teve a alíquota elevada para 35%. A decisão foi justificada pela Casa Branca com a alegação de que o país “falhou em cooperar” no combate ao tráfico de fentanil. Um aumento que coincide com a decisão do governo canadense de reconhecer oficialmente um Estado palestino, o que dificultaria a assinatura de qualquer acordo comercial, afirmou Trump.

Trump impõe tarifas a mais de 90 países; bolsas caem
Daniel Torok / White House

No caso do México, o aumento tarifário foi suspenso após uma ligação entre Trump e a presidente mexicana Claudia Sheinbaum. “Evitamos o aumento tarifário anunciado para amanhã”, disse Sheinbaum em publicação nas redes sociais, classificando a conversa como “muito boa”. Trump confirmou a trégua: “Conversaremos com o México nos próximos 90 dias com o objetivo de assinar um acordo comercial em algum momento dentro do período de 90 dias, ou mais.”

O pequeno Lesoto, no sul da África, acabou sendo taxado em 15% após ter sido ameaçado por Trump, em abril, com uma tarifa de 50%, contudo, os efeitos negativos do anúncio se materializaram com a saída de grandes marcas norte-americanas do país, como Levi’s e Reebok, gerando milhares de demissões. Para uma população que já enfrentava condições extremas de pobreza, o impacto foi devastador, aponta o NYT.

As alíquotas da União Europeia foram acordadas na segunda-feira (28/07) em torno de 15%, o que motivou uma série de críticas. “É um dia sombrio quando uma aliança de povos livres, reunidos para afirmar seus valores e defender seus interesses, resolve se submeter”, publicou o primeiro-ministro da França, François Bayrou, na segunda-feira. 

Tribunal de Apelações

Casos contra as tarifas estão sendo analisados pelo Tribunal de Apelações dos EUA. Apesar disso, Trump declarou que as tarifas estavam indo “muito bem, muito bem”. Em entrevista à NBC News, ele disse que era “tarde demais” para os países evitarem as sanções. “Isso não significa que alguém não apareça em quatro semanas e diga que podemos fazer algum tipo de acordo”, afirmou.

Segundo o NYT, economistas permanecem céticos quanto à eficácia da estratégia. Embora tarifas possam oferecer algum alívio a setores industriais específicos, grande parte da manufatura moderna depende de componentes importados que não têm substituição doméstica. O jornal também aponta que nos últimos meses, o impacto das tarifas começou a ser sentido nos preços ao consumidor, como demonstraram dados sobre a inflação no país divulgados nesta quinta-feira (31/07).

Dólar sobe, bolsas caem

The Guardian informa que as bolsas de valores da Europa abriram em queda nesta sexta-feira, refletindo o impacto imediato das novas tarifas comerciais. O índice DAX da Alemanha caiu 1,1% no início do pregão em Frankfurt, enquanto o CAC da França recuou quase 1% e o IBEX da Espanha perdeu 0,6%. Em Londres, o índice FTSE 100 caiu mais de 0,5%. Na África do Sul, o índice sul-africano JSE FTSE recuou 1,2%.

O impacto também foi sentido nos mercados futuros dos Estados Unidos, que sinalizam abertura em queda. O índice S&P 500 deve recuar cerca de 0,85%, enquanto o contrato futuro do Nasdaq – focado em ações de tecnologia – registra queda de 0,87%. Já o contrato futuro do Dow Jones Industrial Average, que acompanha 30 grandes empresas norte-americanas, mostra recuo de 0,9%.

Já o dólar americano atingiu o nível mais alto em dois meses, subindo 0,1%, em sua sétima alta diária consecutiva. The Guardian aponta que comerciantes podem estar calculando que as tarifas de Trump serão inflacionárias, elevando os preços pagos pelos consumidores e dificultando a redução das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed).

 

O post Guerra tarifária: Trump impõe tarifas a mais de 90 países; bolsas caem apareceu primeiro em Opera Mundi.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo