POLÍTICA

“Guerra interna”: Trump convoca generais para exigir lealdade ideológica

Donald Trump em pronunciamento a militares nesta terça. Foto: Doug Mills/The New York Times

Em um discurso longo e confuso, o presidente dos EUA Donald Trump pediu a generais e oficiais de alta patente que se unissem em uma “guerra interna”, durante uma reunião inédita realizada nesta terça-feira (30) na Virgínia.

O encontro, convocado pelo secretário de Defesa Pete Hegseth, reuniu centenas dos principais líderes militares dos Estados Unidos e expôs as tensões entre a cúpula política do Pentágono e os comandantes de carreira.

Trump abriu sua fala com críticas duras ao seu antecessor na Casa Branca, o democrata Joe Biden, elogiou tarifas comerciais impostas por seu governo e chegou a propor que cidades americanas fossem usadas como campo de treinamento militar. A tônica de sua intervenção foi a ideia de que o país estaria sofrendo um ataque “de dentro”, o que exigiria mobilização das Forças Armadas não apenas contra inimigos externos, mas também contra ameaças domésticas.

A plateia, composta por centenas de oficiais, permaneceu em silêncio diante das falas do presidente. Segundo autoridades ouvidas pela imprensa norte-americana, o clima do encontro foi marcado por desconforto e apreensão.

Além de Trump, o secretário de Defesa Pete Hegseth discursou em tom igualmente partidário. Ele atacou governos anteriores, apresentou linhas gerais da nova estratégia de defesa e reiterou a necessidade de reorientar as prioridades militares.

Militares durante discurso de Trump. Foto: Kevin Lamarque/Reuters

O evento, sem precedentes na história recente do país, não trouxe grandes anúncios concretos, mas expôs fissuras dentro do Pentágono. A principal crítica de oficiais de carreira é que a estratégia de defesa da administração Trump estaria deslocando o foco da competição global — sobretudo com a China — para uma ênfase quase exclusiva em ameaças internas ao território americano.

Divisões no Pentágono

De acordo com atuais e ex-autoridades consultadas pela imprensa, a convocação de Hegseth para uma cúpula desse porte é vista como tentativa de reforçar o controle político sobre o comando militar. Essa movimentação acentuou a divisão entre líderes uniformizados e a ala política, que busca implementar mudanças profundas no papel das Forças Armadas.

Os militares de carreira avaliam que a insistência do governo em tratar ameaças internas como prioridade pode enfraquecer a capacidade estratégica dos EUA no cenário internacional. Já os aliados de Trump defendem que a maior vulnerabilidade do país está em sua própria “frente doméstica”.

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