
O governo Lula (PT) ampliou as demissões de ex-aliados e prepara uma nova rodada de substituições em cargos estratégicos da Caixa Econômica Federal, conforme informações do Globo.
A medida, articulada pela Secretaria de Relações Institucionais (SRI), é vista como parte da retaliação política após a derrota do Planalto na Câmara dos Deputados, que rejeitou a medida provisória alternativa ao aumento do IOF.
A Caixa, responsável por financiar programas sociais e obras regionais, deve ter mudanças em parte de suas 12 vice-presidências. O governo já iniciou trocas em cargos de assessoria e na Vice-Presidência de Sustentabilidade e Cidadania Digital.
A ministra da SRI, Gleisi Hoffmann (PT), se reuniu na segunda-feira (14) com o presidente do banco, Carlos Antônio Vieira Fernandes, para tratar das substituições. Fernandes, indicado por Arthur Lira (PP-AL), permanecerá no cargo, mas aliados de parlamentares considerados infiéis ao governo serão exonerados.
“É natural a demissão de quem não embarcar no projeto de reeleição do presidente Lula”, disse Gleisi a interlocutores.
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O mapa do poder na Caixa
As vice-presidências da instituição são hoje ocupadas por nomes ligados ao PP, PDT e Republicanos. Entre os intocáveis estão Inês Magalhães, vice de Habitação e responsável pelo Minha Casa, Minha Vida, e outros quadros técnicos próximos de Lula.
Nos últimos dias, o governo já iniciou a troca de nomes. José Trabulo Júnior, aliado do senador Ciro Nogueira (PP-PI), foi exonerado do cargo de consultor da presidência. Já Rodrigo Lemos deixou a vice-presidência de Sustentabilidade e Cidadania Digital, sendo substituído interinamente por Jean Rodrigues Benevides.
A escolha de Lemos era atribuída ao PL, mas o líder do partido na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), negou ter feito a indicação.
Reações e disputas no Centrão
O movimento provocou insatisfação no Centrão. Deputados afirmam que as demissões são “pouco inteligentes” e podem prejudicar o governo em futuras votações no Congresso, como as do Orçamento e dos vetos presidenciais.
Parte da base do PT também pressionou para que Arthur Lira fosse diretamente retaliado, com a demissão de seus apadrinhados, mas Gleisi resistiu.
Segundo petistas, Lira se ausentou da votação da medida provisória e, por isso, não deve ser punido. Ainda assim, há queixas de que o ex-presidente da Câmara não atuou para ajudar o governo.
O Planalto agora faz um pente-fino nos cargos de indicados por 251 deputados que votaram contra a MP. Já o atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), é visto com simpatia pelo governo por ter tentado mediar um acordo para salvar o texto.