
O governo federal decidiu autorizar a transferência de presos ligados ao crime organizado para penitenciárias federais de segurança máxima, após uma reunião de emergência no Palácio do Planalto que tratou da crise da segurança pública no Rio de Janeiro. O encontro foi convocado em resposta à operação policial contra o Comando Vermelho, que resultou em pelo menos 64 mortes na capital fluminense, informa o jornal O Globo.
Segundo a reportagem, o pedido de transferência partiu do governador do Rio, Cláudio Castro, que participou da reunião por telefone. O governo federal, que disponibilizou vagas em presídios de segurança máxima, enviará uma comitiva à capital fluminense nesta quarta-feira (29) para discutir medidas conjuntas.
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o Planalto está comprometido em oferecer suporte ao estado. “Colocamos à disposição vagas em presídio federal para fazer transferência de preso”, declarou. Hoffmann participou do encontro ao lado do presidente em exercício, Geraldo Alckmin, e dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Macaé Evaristo (Direitos Humanos), além de representantes do Exército, da Polícia Federal e do Ministério da Justiça.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, acompanhou a reunião por telefone. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não participou do encontro por estar em voo de retorno da viagem à Ásia. De acordo com relatos de participantes, nenhum dos presentes recebeu pedido formal do governo do Rio para apoiar a operação policial que resultou nas mortes.
No Planalto, a avaliação de auxiliares de Lula é de que Cláudio Castro errou ao tentar enfrentar o Comando Vermelho apenas com as forças estaduais. O governador reclamou publicamente da falta de apoio federal, alegando que o estado estava “sozinho” e que solicitou, sem sucesso, o empréstimo de blindados em três ocasiões.
Em nota, o Ministério da Defesa esclareceu que o envio de veículos militares só pode ocorrer mediante decreto presidencial de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que não está em discussão no momento. O governo federal pretende, em vez disso, reforçar o planejamento conjunto entre as forças de segurança, com integração entre a Polícia Federal, o Exército, o Ministério da Justiça e as polícias do estado.
O Palácio do Planalto orientou os ministros a evitar o acirramento político com Cláudio Castro e buscar uma relação de cooperação. A prioridade, segundo integrantes do governo, é estabelecer uma estratégia coordenada e de longo prazo para o enfrentamento ao crime organizado no Rio de Janeiro.
Em comunicado, a Casa Civil confirmou que o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, coordenou o encontro e que o ministro Rui Costa entrou em contato com o governador fluminense para formalizar o apoio federal. “Durante a reunião, as forças policiais e militares federais reiteraram que não houve qualquer consulta ou pedido de apoio por parte do governo estadual do Rio de Janeiro para realização da operação”, diz a nota.
A comitiva formada por Rui Costa, Ricardo Lewandowski e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, desembarca no Rio nesta quarta-feira (29) para definir as próximas medidas de segurança e cooperação entre os governos federal e estadual. Com Brasil 247



