
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, usou as redes sociais neste domingo (31) para criticar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O motivo foi a declaração do governador, em entrevista ao Diário do Grande ABC, de que, caso seja eleito presidente da República, um de seus primeiros atos será conceder indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu em processos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF).
Questionado sobre o tema, Tarcísio respondeu de forma categórica. “Na hora. Primeiro ato. Porque eu acho que tudo isso que está acontecendo é absolutamente desarrazoado”, afirmou o governador paulista. A fala foi imediatamente interpretada como um aceno político ao eleitorado bolsonarista, em meio às discussões sobre os processos que podem definir o futuro do ex-presidente.
A reação da ministra Gleisi Hoffmann não demorou. Para a integrante do governo Lula, a promessa de indulto feita por Tarcísio é a prova de que seus aliados “não respeitam o Estado de Direito nem a Justiça”. Segundo ela, o gesto evidencia uma tentativa de colocar interesses políticos acima das instituições.
Gleisi ainda aproveitou a manifestação para traçar um contraste entre Tarcísio e o presidente Lula. “É impossível não comparar com os primeiros atos do presidente Lula nesse terceiro mandato. No primeiro dia, Lula recriou e fortaleceu o Bolsa Família, restabeleceu as políticas de proteção ao meio ambiente e revogou os decretos de Bolsonaro que liberavam a venda de armas de fogo, a mineração em áreas protegidas e a segregação de crianças com deficiência nas escolas”, escreveu a ministra em publicação na rede social X.
A petista encerrou suas declarações com críticas diretas ao governador de São Paulo. “Um presidente que pensa no povo e no país e um candidato fantoche, que só pensa em servir aos interesses de seu chefe”, afirmou, reforçando o tom político de sua fala e ampliando o embate com a oposição.
Ao anunciar que seu primeiro ato se fosse presidente seria indultar Bolsonaro, Tarcisio confirma que seu chefe é culpado e que eles não respeitam o estado de direito nem a Justiça.
É impossível não comparar com os primeiros atos do presidente Lula nesse terceiro mandato.
No…— Gleisi Hoffmann (@gleisi) August 31, 2025
O indulto presidencial é um mecanismo previsto na Constituição que permite ao chefe do Executivo conceder perdão total ou parcial a condenados. Jair Bolsonaro utilizou esse instrumento durante seu mandato para beneficiar o ex-deputado Daniel Silveira, condenado por ataques ao Estado Democrático de Direito. No entanto, a medida acabou derrubada pelo Supremo Tribunal Federal, que considerou o decreto inconstitucional.
No caso de Bolsonaro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou sua condenação por crimes graves, incluindo liderança de organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e dano qualificado contra patrimônio público da União.
A acusação também aponta prejuízos materiais e destruição de bens tombados. O julgamento do ex-presidente e de outros sete réus pela tentativa de golpe de Estado será iniciado nesta terça-feira (2) pelo STF.