POLÍTICA

Gleisi critica Trump e diz que Netanyahu deveria ser punido pela Lei Magnitsky

A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Foto: Divulgação
A ministra de Relações Institucionais do governo Lula, Gleisi Hoffmann (PT), voltou a criticar publicamente a decisão dos Estados Unidos de impor sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As penalidades foram anunciadas com base na chamada Lei Magnitsky, um dispositivo adotado por Washington para punir estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos ou corrupção sistêmica.

Em postagem na rede X, Gleisi afirmou que o ex-presidente estadunidense Donald Trump, responsável pela medida, estaria agindo de forma seletiva. A ministra cobrou coerência e sugeriu que o republicano deveria, em vez disso, usar o mesmo mecanismo legal contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

“Nenhum país tem o direito de agir como dono do mundo, mas se Trump quisesse mesmo punir o terrorismo, o genocídio e os ataques aos direitos humanos, devia usar a Lei Magnitsky contra seu parceiro Netanyahu, pelo massacre desumano em Gaza”, escreveu.

A fala de Gleisi faz referência à guerra entre Israel e o grupo Hamas na Faixa de Gaza, que já resultou em milhares de mortes e gerou condenações internacionais por possíveis violações ao direito humanitário. O governo brasileiro tem mantido uma posição crítica em relação à condução da ofensiva israelense, classificando como desproporcional o uso da força contra civis.

A ministra também aproveitou para defender o Supremo Tribunal Federal e o ministro Alexandre de Moraes no contexto interno, mencionando o inquérito que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe.

“Aqui no Brasil, o ministro Alexandre de Moraes é relator de uma ação penal contra Jair Bolsonaro, que tramou um golpe de estado para implantar a ditadura. O STF atua rigorosamente no devido processo legal: os réus tiveram garantia do contraditório e direito de defesa, que entra agora na fase de alegações finais antes do julgamento. É assim que funciona a Justiça, algo que nem Trump nem Bolsonaro querem aceitar, porque a extrema-direita não convive com a democracia”, afirmou Gleisi.

A sanção contra Moraes foi formalizada pelo governo dos Estados Unidos na quarta-feira (30), incluindo o nome do magistrado em uma lista de restrições previstas pela Lei Magnitsky. As medidas têm caráter financeiro e podem resultar no congelamento de bens e bloqueio de contas em instituições que operam nos Estados Unidos ou sob jurisdição estadunidense.

A decisão do governo Trump gerou forte reação institucional no Brasil. Em nota divulgada ainda na noite de quarta, o presidente Lula classificou a atitude como inaceitável e reafirmou a defesa da soberania nacional.

“É inaceitável a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira. O governo brasileiro se solidariza com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, alvo de sanções motivadas pela ação de políticos brasileiros que traem nossa pátria e nosso povo em defesa dos próprios interesses”, declarou o presidente.

As críticas também ecoaram no Congresso Nacional e entre ministros do Supremo. Para integrantes do governo, as sanções refletem pressão política liderada por parlamentares bolsonaristas que atuam em articulação com a extrema-direita internacional, inclusive em solo estadunidense.

A Lei Magnitsky já foi usada pelos EUA contra autoridades da Rússia, China e outros países acusados de repressão ou corrupção em larga escala. Esta é a primeira vez que um ministro de uma corte suprema de um país aliadom e democrático, é incluído na lista, o que tem sido interpretado como uma ruptura nos protocolos tradicionais de diplomacia jurídica.

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