
Tarcísio é um cara que não bebe. Todo mundo sabe que ele só toma Coca-Cola e socialmente. Mas Tarcísio é, por isso mesmo, daquelas pessoas que em algum momento dão uma bicada em alguma coisa com álcool, só pra se soltar.
Como são fracos para a bebida, correm riscos, como ele correu. Tarcísio bebericou e virou um bêbado incômodo na festa do centrão e do bolsonarismo.
E isso que só deu uma bicada no copo de absinto de Valdemar Costa Neto e, por confraternização remota, bebeu um gole, um só, da taça de vinho da Califórnia de Eduardo Bolsonaro.
Agora, tentam curar o porre de dois goles de Tarcísio, que no início ficou empolgado, teve uma fase de excitação e falas em voz alta e depois ficou deprimido e se atirou no sofá.
Não é café preto o que poderá devolver Tarcísio à realidade. É coisa forte. O extremista moderado andou dizendo bobagens porque abandonou a sobriedade, para provar que é atrevido e aberto a experimentos.
Tentou se desfazer da fama de que é uma mistura de burocrata com militar, um cara quadrado, bem definível e previsível. Para entrar no baile do bolsonarismo com o centrão, era preciso dar umas bicadas.
E aí aconteceu o que todos sabem. Tarcísio entrou em estado eufórico e colocou o boné fascista de Trump. Chamou Alexandre de Moraes de tirano e ditador. Pediu anistia para Bolsonaro.
E, no meio do salão, com bebedores profissionais da turma do Valdemar, disse que o PCC estava de fora das suspeitas de envolvimento com os casos de bebida com metanol em São Paulo.
Puxaram Tarcísio para um canto, pediram que respirasse fundo e pelo nariz e recomendaram que parasse de ver as postagens de Eduardo e só conferisse as redes sociais de Valdemar, Ciro Nogueira e Gilberto Kassab.

Depois levaram Tarcísio tonto para a cozinha e despejaram dois copos de Coca-Cola normal goela abaixo. Sempre com a recomendação de que ficasse quieto e evitasse trombar nas pessoas.
E tudo por causa de alguns goles de quem não está acostumado a beber. E essa é a situação de Tarcísio hoje. Um cara que precisa ser contido, para que não diga mais besteiras e para que não caia no meio do salão ou vomite no colo de Malafaia ou de algum empresário do agro.
Tarcísio é o sujeito careta que decide experimentar alguma coisa que o encoraje, para ficar mais leve e enturmado, mas não tem estrutura para os efeitos que iria enfrentar.
Não bebe, nunca aprendeu a andar de bicicleta, dançou pela primeira vez aos 25 anos e não sabe nadar. E só toma Coca-Cola de canudinho.
Tarcísio tonto passou a ser um ornitorrinco para a velha direita, para o centrão, para a Faria Lima e para a extrema direita e os que estão nos cantinhos do salão, incluindo Globo, Folha e Estadão.
Bebeu para provar que é bolsonarista. Mas ninguém confia nele, porque é fraco pra bebida e talvez não tenha estrutura para aguentar a festa até o fim. Nesse momento, estão arrastando Tarcísio para o pátio, onde Valdemar já o espera com sais aromáticos de amônia.
É um recurso radical, antigo, mas que às vezes funciona. Tarcísio precisa ser acordado, para que diga se tem condições de pelo menos ir pra casa sozinho, ou se precisam chamar Guilherme Derrite.