
Escolhido para representar a Palestina no Oscar em 2026, o épico de Annemarie Jacir, Palestina 36, será exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O longa é um filme de época, que se passa durante a transição do Mandato Britânico na Palestina e a criação do Estado Israel. O enredo se inicia em 1936, com o aumento do número de imigrantes judeus fugindo do antissemitismo na Europa e a população palestina se unindo na maior e mais longa revolta contra os 30 anos do domínio colonial britânico.
Em meio a este contexto histórico, conhecemos o cotidiano de diversos personagens: o jovem Yusuf (Karim Daoud Anaya), que oscila entre a vida em sua aldeia e na cidade; a jornalista Khouloud (Yasmine Al Massri), voz de resistência à situação colonial; a pequena Afra (Wardi Eilabouni), que tenta lidar com as mudanças ao seu redor com a ajuda da avó (Hiam Abbass); Khalid (Saleh Bakri), um estivador insatisfeito que vê suas condições de trabalho deteriorar com a substituição gradual da mão de obra palestina por judeus recém-chegados; e um padre católico (Jalal Altawil), que tenta criar um menino pobre e órfão (Ward Helou).
A vida cotidiana e os desafios que se impõem gradualmente a cada personagem, com a intensificação das violências coloniais, são construídas paralelamente e começam a se cruzar a partir dos gestos de resistência de cada um. Desse modo, Jacir cria uma teia de personagens densos e bem desenvolvidos, imersos em um cenário político e social em plena erupção. Ao singularizar os sujeitos que passam por processos coletivos, o filme potencializa a identificação em cenas de catarse e aproxima os espectadores do enredo. A teia de personagens diversos aponta também para as consequências do processo histórico, enfrentadas por todos, desde os mais pobres aos mais ricos, no campo e na cidade.
(Imagem: Divulgação / Palestine 36)
Enquanto Israel promove apagamentos físicos e simbólicos, a história da Palestina é contada neste filme diretamente impactado pelo genocídio em Gaza. Previsto inicialmente para ser gravado em Belém, a obra precisou alterar toda a produção, que teve que se deslocar e gravar na Jordânia após a intensificação dos conflitos a partir de outubro de 2023.
Segundo a diretora, Annemarie Jacir, o contexto atual de Gaza trouxe um novo sentido de urgência e propósito para a realização da obra, percebidos também pelo público. Em sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto, Palestina 36 foi ovacionado por 20 minutos. “Tudo que está acontecendo na nossa pátria nos mostrou ainda mais o quanto deveríamos trabalhar juntos. A comunidade que se juntou para fazer esse filme foi porque continuamos a lutar por amor e essa é nossa resistência. Vamos viver, contar nossas histórias e nunca iremos desaparecer”, afirma Jacir.
A atriz Yasmine Al Massri, que interpreta a jornalista revolucionária Khouloud, descreve a honra de apresentar Palestine 36 em festivais: “geralmente você vai aos tapetes vermelhos e apresenta os filmes, mas não sente que está carregando sua nação inteira com você, a luta de seu povo por liberdade, tragédia, mas também esperança”.
Já a veterana Hiam Abbas, que no filme personifica a resistência de um povo que não abandona sua terra e transmite a resistência de geração em geração, comenta: “acho que sendo palestina, toda a questão da terra e da luta é parte da sua vida. A questão mais importante não é o quanto sofremos, o que lembramos ou não, mas como podemos continuar a contar histórias, para que nossas vozes existam. Acho que nosso maior dever hoje em dia é continuar. Para aqueles que morreram, precisamos continuar. Precisamos dar a eles uma vida que lhes foi tirada.”
Palestine 36 apresenta as raízes do genocídio atual, evidenciando o começo da violência que se perpetua ao longo de quase um século. Se agora as tecnologias avançaram, os métodos de desumanização são baseados no que já acontecia em 1936, quando são revelados os primeiros estágios do trauma palestino que se transmite ao longo de gerações. Com um filme ambicioso e grandioso e um elenco que mistura estreantes com os maiores atores palestinos da atualidade, Annemarie Jacir realiza um épico em homenagem à resistência do povo palestino.
Serviço
Palestine 36 será exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo nos dias:
20/10 – 13h / Reserva Cultural – Sala 1
24/10 – 16h15 / Espaço Petrobrás de Cinema – Sala 2
27/10 – 19h10 / Cultura Artística
29/10 – 19h / Cinemateca – Sala Petrobrás
Ingressos disponíveis para compra 4 dias antes de cada sessão pelo app do evento e pelo site da Velox, sempre a partir das 9h. No dia da sessão, uma pequena cota estará disponível para compra diretamente na bilheteria do cinema.
Segundas, terças, quartas e quintas: R$ 26,00 (inteira) | R$ 13,00 (meia).
Sextas, sábados e domingos: R$ 32,00 (inteira) | R$ 16,00 (meia).
Mais informações em: https://mostra.org/
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