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Felca, Hytalo Santos e a erotização infantil normalizada. Por Nathalí

Felca e Hytalo Santos

Um influenciador tem sido frequentemente a voz da razão, o que muito me intriga, considerando que influenciadores não são, para mim, referências pra nada: são predominantemente uma raça fútil, alienada e alienante.

Felca fugiu à regra ao criticar outros influenciadores, principalmente Virgínia Fonseca, por divulgarem jogos de apostas.

Ele é conhecido por suas críticas ácidas a celebridades e subcelebridades, e tem tomado gosto por criticar posturas que a humanidade inteira deveria criticar: dessa vez, acusou um influenciador de produzir conteúdos para pedófilos e, só com isso, conseguiu rapidamente derrubar o perfil do cara no Instagram.

Trata-se de Hytalo Santos, que expõe vídeos sexualizadas da também influenciadora Kamilinha, uma criança, como se fosse algo natural e inofensivo, e ninguém – nem as autoridades, nem as plataformas de mídias como Instagram e TikTok – parece se incomodar, algo esperado dentro da lógica da exploração e do lucro.

Para contextualizar: Hytalo é um influenciador que produz conteúdos no mínimo ridículos, com apelo popular e um personagem que eu não conseguiria aturar nem por dois minutos.

Já Kamilinha é uma criança que aparece sexualizada em seus vídeos de “humor”, sempre com o corpo a mostra e expressões inadequadas para uma criança.

Hytalo Santos e Kamylinha

O influenciador claramente usa a criança pra engajar nas redes sociais – mesmo sabendo (porque sim, ele sabe) que seu público majoritário são velhos pedófilos que só estão lá pra verem uma criança sensualizando diante de uma câmera.

A normatização da erotização infantil, que se radicaliza no contexto das redes sociais, não é o único problema: colocar a criança em risco eminente de abuso e afetar seu desenvolvimento psíquico e emocional beiram a crueldade.

Assisti a alguns fragmentos desses vídeos, e fiquei, honestamente, enojada. Hytalo trata a criança como um cão adestrável, explorando-a enquanto a engana com presentes e popularidade.

Como a sociedade pode não enxergar tal absurdo? E como justamente um influenciador aponta o óbvio que ninguém tem coragem de apontar?

Não sei responder a essas questões, que são perguntas retóricas, só sei que é preciso muita coragem pra denunciar isso em uma sociedade como a nossa.

As grandes plataformas de mídia, responsáveis por deixarem seus usuários seguros, fecham os olhos para abusos como esse – que o diga o pai de Melody, que jamais sofreu consequências por explorar a filha.

Quantas crianças estão agora fazendo dancinha com short curto e top cropped?

Felca é necessário não apenas pela coragem de dizer o óbvio, mas pelo legado que certamente deixará, transformando a futilidade e a canalhice de seus colegas influenciadores em uma produção de conteúdo minimamente ética.

Quanto a Hytalo, bem… Há muitos presidiários que o receberiam com um banquete de porrada. Ele precisa ser investigado e responsabilizado por tantos anos de abuso escancarado.

E nós, a sociedade, precisamos lutar ativamente contra a normatização do absurdo. Ou isso, ou a sociedade tecnológica nos engolirá, a começar pelas crianças.

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