
Com a aposentadoria anunciada do ministro Luís Roberto Barroso, os nomes mais cotados à vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) têm adotado uma estratégia de silêncio e discrição para não irritar o presidente Lula (PT), conforme informações do Globo.
A estratégia entre os favoritos é evitar qualquer movimento que soe como pressão sobre o chefe do Executivo, responsável por escolher o novo ministro da Corte.
Entre os cotados estão o advogado-geral da União, Jorge Messias; o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas. Os três mantêm uma agenda institucional, sem sinais explícitos de articulação política. Messias, por exemplo, tem concentrado sua atuação na defesa de políticas públicas e no diálogo jurídico com o Judiciário.
Na noite de ontem, Lula recebeu ministros do STF e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, no Palácio da Alvorada. Participaram Gilmar Mendes, Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin. Messias foi convidado para um jantar em homenagem a Barroso, promovido pelo advogado Murillo de Aragão, mas preferiu não comparecer.
A nova estratégia de Jorge Messias
Após disputar uma vaga no STF em 2023, quando foi preterido por Flávio Dino, Messias mudou a tática. Agora, evita qualquer exposição e se recusa a tratar do assunto até mesmo com auxiliares próximos. Em sua tentativa anterior, chegou a participar de reuniões com a Febraban e de um jantar com o MST para reforçar sua candidatura.
Pessoas próximas ao chefe da AGU afirmam que ele busca não constranger Lula, especialmente diante da possibilidade de uma nova rejeição. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que Messias é o nome “mais próximo” de Lula entre os cotados, embora reconheça que Pacheco e Bruno Dantas também gozam da confiança do presidente.

Além da postura reservada, Messias tem mantido presença pública voltada a temas religiosos. Evangélico, publicou recentemente mensagens sobre o mês da Reforma Protestante e o Dia das Crianças em suas redes sociais.
O fator religioso é visto por aliados como um trunfo, representando um gesto de Lula ao eleitorado evangélico — hoje majoritariamente bolsonarista.
Pacheco e Dantas mantêm perfil institucional
Rodrigo Pacheco também tem evitado manifestações sobre a sucessão no Supremo. Nesta semana, participou de uma reunião institucional com Davi Alcolumbre (União-AP), Edson Fachin e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
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Nos bastidores, Pacheco conta com o apoio de Alcolumbre, que já enviou recado a Lula de que a eventual indicação de Messias enfrentaria resistência no Senado.
Bruno Dantas, por sua vez, esteve em Roma participando de um evento da FAO sobre governança global e segurança alimentar. A viagem coincidiu com a presença de Lula na capital italiana, o que gerou especulações, embora não tenham se encontrado reservadamente.
Aliados avaliam que a discrição dos cotados é uma forma de respeitar o tempo de Lula, que tem dito que não cederá a pressões. O presidente reafirma que sua escolha será guiada por critérios jurídicos e políticos, sem antecipar prazos.
A antecipação da aposentadoria de Barroso, no entanto, gerou incômodo no Planalto. O ministro tentou falar com Lula por telefone após formalizar o pedido, mas o presidente não atendeu.