POLÍTICA

Ex-redator de Trump que acusa CIA de eleger Lula é supremacista e vê “pontos positivos em Hitler”

Mike Benz em audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados

Mike Benz, ex-funcionário do Departamento de Estado dos Estados Unidos durante o primeiro mandato de Donald Trump, se apresentou nesta quarta-feira (6/8) na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados a convite de golpistas.

Em sua fala, Benz acusou a CIA de ter usado a ONG National Endowment for Democracy (NED) para interferir nas eleições presidenciais brasileiras de 2022. Sem apresentar qualquer prova concreta, ele afirmou que o suposto plano teria ocorrido sob o governo Joe Biden e teria beneficiado a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva contra Jair Bolsonaro.

Segundo Benz, a operação teria sido coordenada por meio da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), organização encerrada por Trump nesta nova gestão e alvo de ataques de Elon Musk.

Para Benz, a USAID teria atuado para “censurar políticos de direita” e “enfraquecer Bolsonaro”, mesmo durante o mandato do próprio ex-presidente brasileiro, que governou de 2019 a 2022. A acusação foi amplificada por parlamentares da oposição bolsonarista, mesmo diante da ausência de qualquer documentação ou comprovação formal.

Benz tem um histórico complicado, para dizer o mínimo. Ele revelou em 2023 ser o autor de “Frame Game”, um perfil ligado à extrema direita que, por anos, publicou ataques sobre a “influência judaica no Ocidente” e difundiu a teoria de que haveria uma substituição étnica em massa orquestrada por judeus.

“Para deixar claro: tenho muito orgulho disso”, afirmou Benz, que é judeu, em entrevista à NBC News ao ser questionado sobre sua ligação com a conta.

Ele iniciou sua trajetória no governo Trump em 2017, como redator de discursos de Ben Carson, então secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos EUA. Carson é um neurocirurgião aposentado, conservador cristão e ex-candidato nas primárias presidenciais republicanas de 2016, que integrou a gestão Trump com pautas alinhadas à direita religiosa.

Mais tarde, Benz foi transferido para o Departamento de Estado e, durante o governo Biden, passou a atuar em organizações que se apresentam como defensoras da “liberdade de expressão”, mas que abrigam conteúdos extremistas.

Deu entrevistas a figuras do nacionalismo branco nos EUA e teve seus vídeos rotulados por plataformas como o YouTube com alertas de extremismo. Seu conteúdo é frequentemente promovido por nomes como Richard Spencer, um dos ideólogos do supremacismo branco.

Seu depoimento faz parte das estratégias de desinformação utilizadas pela extrema-direita global e busca alimentar a tese de que Lula só venceu por causa de uma “interferência estrangeira da esquerda”.

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