POLÍTICA

EUA procuram Brasil para negociar tarifaço; Haddad considera ‘ponto de partida favorável’

Após a assinatura do decreto que formaliza a tarifa de 50% contra produtos do Brasil, a Secretaria de Tesouro dos Estados Unidos procurou o Ministério da Fazenda, revelou nesta quinta-feira (31/07) Fernando Haddad, responsável pela pasta. 

“A assessoria do secretário [Scott] Bessent fez contato ontem e finalmente vai agendar uma segunda conversa. A primeira, como eu havia adiantado, foi em maio, na Califórnia. Haverá agora uma rodada de negociações e vamos levar às autoridades americanas nosso ponto de vista”, anunciou o ministro a jornalistas em Brasília.

De acordo com Haddad, a iniciativa norte-americana de marcar um encontro evidencia que o Brasil está “num ponto de partida mais favorável”, uma vez que o país tenta construir pontes com a gestão de Donald Trump para debater alternativas para o tarifaço. Destacou, entretanto, que “longe do ponto de chegada”, pois “há muita injustiça nas medidas que foram anunciadas ontem”.

No dia anterior, a Casa Branca oficializou o tarifa sobre produtos brasileiros, mas excluiu da medida diversos itens, como aeronaves civis e suco de laranja. Cerca de 700 produtos ficaram de fora da lista do tarifaço. Segundo estimativas, 43% dos valores exportados para os Estados Unidos ficaram fora da medida tarifária, sendo que no setor mineral, cerca de 25% dos itens foram taxados.

Apesar de parte dos produtos não terem sido atingidos, Haddad disse que alguns setores sentem impactos “dramáticos”, e garantiu que, em breve, o governo Lula divulgará medidas para atenuar os prejuízos.

“Há casos que são dramáticos, que deveriam ser considerados imediatamente. Nós vamos lançar parte do nosso plano previsto para ser lançado nos próximos dias de apoio e proteção à indústria e aos empregos”, disse.

Segundo o ministro, o auxílio governamental deve contar com linhas de crédito e apoio às empresas.

“Tem setores que, na pauta de exportação, não são significativos, mas o efeito sobre eles é muito grande. Às vezes, o setor é pequeno, mas é importante para o Brasil manter os empregos”, acrescentou.

Secretaria do Tesouro dos Estados Unidos querem negociar com Brasil após tarifaço, informa ministro da Fazenda Fernando Haddad
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Interferência no STF

Haddad também mencionou a interferência norte-americana no julgamento da tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF), que tem o ex-presidente Jair Bolsonaro como alvo. O ministro criticou a postura dos EUA e disse que o assunto não pode entrar na mesa de negociação, uma vez que o Poder Judiciário é independente do Executivo.

“Talvez o Brasil seja uma das democracias mais amplas do mundo, ao contrário do que a Ordem Executiva [do Trump] faz crer. Nós temos que explicar que a perseguição ao ministro da Suprema Corte [Alexandre de Moraes] não é o caminho de aproximação entre os dois países”, afirmou.

(*) Com Ansa e Agência Brasil

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