POLÍTICA

Entenda o que é gurufim, cerimônia que marcará o velório de Arlindo Cruz

O cantor Arlindo Cruz. Foto: Divulgação

O velório de Arlindo Cruz, marcado para este sábado (9), será realizado em formato de gurufim, no Rio de Janeiro. A cerimônia, tradicional em despedidas de sambistas, tem origem na cultura africana e une luto e celebração para homenagear o artista.

A cerimônia será realizada na quadra do Império Serrano, escola de samba da qual Arlindo foi integrante e referência, com início às 18h e entrada liberada ao público, exceto em um momento reservado para familiares e amigos íntimos. O sepultamento está marcado para domingo (10), às 11h, no cemitério Jardim da Saudade.

Durante toda a noite, a quadra receberá música, dança, bebida e confraternização, seguindo o espírito do gurufim. A família pediu que todos compareçam vestindo roupas claras, em sinal de respeito e para manter a tradição festiva que marca esse tipo de despedida.

Segundo o historiador Luiz Antonio Simas, o termo “gurufim” tem relação com o golfinho, animal que, em algumas tradições, conduz as almas ao mundo dos mortos. No passado, as cerimônias eram marcadas por cantorias em que se perguntava “gurufim veio?” e a resposta era seguida da menção a outros animais marinhos, numa espécie de jogo simbólico que misturava reverência e descontração.

A tradição já esteve presente em velórios de grandes nomes da música e do samba, como Bira Presidente, do Fundo de Quintal; o jornalista e pesquisador Sérgio Cabral; Monarco, presidente de honra da Portela; e Beth Carvalho. Martinho da Vila também celebrou o costume na faixa “Gurufim do Cabana”, que relembra o compositor Cabana, homenageado em 1986 na quadra da Beija-Flor de Nilópolis.

Velório de Arlindo será realizado na quadra do Império Serrano, que já está sendo preparada para a cerimônia. Foto: Reprodução

O gurufim, de origem no idioma quimbundo, falado em Angola, significa “adeus” ou “despedida”. Mais do que um velório, é uma celebração de vida. No caso de Arlindo Cruz, além de músicas e homenagens, a bateria do Império Serrano fará uma apresentação especial, reforçando a ligação do sambista com a agremiação e com a cultura popular carioca.

Arlindo Cruz morreu na sexta-feira (8), aos 66 anos, após falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado no CTI da Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, tratando de uma pneumonia. Desde 2017, o cantor convivia com sequelas de um AVC, mas continuava recebendo homenagens e participando de eventos sempre que possível.

A morte do compositor, um dos maiores nomes do samba, provocou comoção em todo o país. Desde o anúncio, fãs, artistas e autoridades têm manifestado solidariedade. Durante a tarde deste sábado, diversas coroas de flores chegaram à quadra do Império Serrano.

Entre elas, uma enviada pela Presidência da República, assinada pelo presidente Lula e pela primeira-dama Janja, com a mensagem: “Homenagem ao talento, poesia e generosidade do sambista perfeito. Solidariedade à família, amigos e fãs.”

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