
A Transparência Internacional — organização acusada de envolvimento irregular nos bastidores da Operação Lava Jato — divulgou nota nesta terça-feira (5) em que critica a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a entidade, a medida tem “fundamentos jurídicos frágeis” e pode ser uma tentativa de silenciar o ex-presidente, o que, segundo ela, seria “incompatível com o Estado de Direito”. A nota alega que a ordem de prisão partiu de uma “suposta violação de proibição genérica de comunicação” e defende que Bolsonaro seja julgado com pleno respeito às garantias constitucionais.
Ao mesmo tempo em que reconhece que o STF resistiu aos ataques bolsonaristas às instituições, a Transparência critica o que chama de “extrapolação de competências” da Corte e pede “autocontenção institucional” e compromisso com a “normalidade democrática”.
O papel do Supremo na defesa da democracia não é apenas punir os que atentaram contra a Constituição, mas também contribuir para restaurar sua plena vigência — inclusive por meio da própria conduta da Corte. A continuidade de medidas excepcionais, somada a decisões que favorecem… https://t.co/UU9cdNghIF
— Transparência Internacional – Brasil (@TI_InterBr) August 6, 2025
ONG investigada
Um documento da Procuradoria-Geral da República (PGR), que veio à tona no início de 2024, aponta indícios de que a ONG atuou diretamente na negociação de acordos bilionários firmados durante a Lava Jato.
Segundo a PGR, a Transparência Internacional sugeriu cláusulas nos acordos de leniência celebrados com a Petrobras e com a J&F. Esses acordos previam a destinação de valores que somavam bilhões de reais a projetos supostamente voltados ao combate à corrupção, sob controle do próprio Ministério Público.
Com base na denúncia, Toffoli determinou a abertura de investigação contra a ONG e suspendeu a multa imposta à J&F, cujo acordo de leniência, firmado em 2017, previa o pagamento de R$ 10,3 bilhões — depois reduzido para R$ 3,5 bilhões.