
A Prefeitura de São Bernardo do Campo confirmou nesta segunda (29) a terceira morte suspeita por consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol na Grande São Paulo. Dois óbitos ocorreram no município do ABC e um na capital paulista. Exames do Instituto Médico Legal (IML) ainda buscam confirmar a presença da substância nas vítimas.
O primeiro caso em São Bernardo foi de um homem de 38 anos, atendido no Hospital de Urgência e morto em 24 de setembro. O segundo, de um homem de 45 anos, morreu em 28 de setembro em hospital particular. Na capital, a vítima foi um homem de 48 anos, morador da região da Mooca, que morreu em 15 de setembro após internação em unidade privada.
Segundo o Centro de Vigilância Sanitária, há dez casos sob investigação em São Paulo, todos ligados ao consumo de gim, uísque e vodca adquiridos em bares e adegas. O Ciatox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica) de Campinas classificou o volume de ocorrências como “fora do padrão” e alertou que os registros podem estar subnotificados, já que nem todas as intoxicações chegam ao conhecimento das autoridades.

A Polícia Civil investiga quatro ocorrências oficiais, duas na capital e duas em São Bernardo. Entre os casos mais graves está o do jovem Rafael, de 27 anos, que entrou em coma após beber gim com energético e gelo aromatizado comprado em uma adega da zona sul. Internado desde 1º de setembro, ele respira com ventilação mecânica e tem quadro considerado irreversível, segundo os médicos.
Outro caso é o da designer de interiores Rhadarani Domingos, que perdeu a visão depois de consumir caipirinhas em um bar de bairro nobre da capital. Internada em UTI, ela chegou a ser intubada após convulsões. A irmã relatou que a família busca alternativas de tratamento, mas ainda não há perspectivas de recuperação da visão.

Autoridades reforçam os alertas à população e ao setor privado. O Ministério da Justiça e Segurança Pública orienta que consumidores desconfiem de preços muito baixos, lacres irregulares, erros de impressão e odor semelhante a solventes. Já bares e restaurantes foram instruídos a comprar apenas de distribuidores autorizados e confiáveis.
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes classificou os casos como um problema de saúde pública. Para a entidade, a falsificação de bebidas coloca em risco a vida dos consumidores e prejudica estabelecimentos sérios e uma atuação coordenada entre governo, empresas e sociedade para coibir o crime deve ser promovida.
Especialistas explicam que o metanol, também chamado de álcool metílico, é altamente tóxico. Mesmo pequenas quantidades podem causar náusea, cegueira, convulsões, danos ao sistema nervoso e morte. Embora visualmente parecido com o etanol usado em bebidas, o metanol é destinado à indústria e combustíveis, sendo proibido para consumo humano.