
Dados do relatório da Oxfam que discute a relação das desigualdades e o poder corporativo global, mostram que 63% da riqueza do Brasil está nas mãos de 1% da população.
A Oxfam é uma confederação internacional que luta contra a pobreza e a desigualdade em mais de 90 países. O relatório foi produzido no ano passado.
Além disso, informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) divulgados em maio pelo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o grupo de 1% dos mais ricos do Brasil tem uma renda média mensal 36,2 vezes maior que os 40% com menores rendimentos. Em relação aos 10% mais ricos, a diferença foi 13,4 vezes maior.
O rendimento mensal real domiciliar per capita é a média da renda mensal — em valores corrigidos pela inflação — de todos os moradores de um determinado domicílio, dividida pelo número total de pessoas que vivem no local.
Segundo a PNAD, em 2024, o rendimento médio mensal real do 1% mais rico foi de R$ 21.767, o que revela um aumento de 0,9% em relação ao valor calculado em 2023 (R$ 21.579).
A renda média do grupo chegou a R$ 601, contra os R$ 550 registrados no exercício anterior, o equivalente a uma alta de 9,3%.
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Concentração de ativos financeiros no Brasil
O levantamento também aponta que os 50% mais pobres detêm apenas 2% do patrimônio do país.
O estudo traz ainda detalhes sobre o grupo que mais acumula riqueza. Segundo o documento, 0,01% da população brasileira possui 27% dos ativos financeiros.
“Fica nítido que a propriedade de ações e participações, em termos econômicos, reflete uma plutocracia e não uma democracia”, afirma o documento.
Os especialistas destacam também a desigualdade racial. O estudo afirma que, em média, a renda dos brancos está mais de 70% acima da renda da população negra.
“No Brasil, a desigualdade de renda e riqueza anda em paralelo com a desigualdade racial e de gênero. Nossos super-ricos são praticamente todos homens e brancos”, disse Kátia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.
Em estudo realizado alguns anos antes, a Oxfam concluiu, a partir da análise do Censo Agropecuário, que apenas 1% das fazendas ou estabelecimentos rurais do Brasil concentra quase metade, 45%, de toda a superfície agrícola da região.
“Temos de um lado poucos grupos que concentram a maior parte das terras, enquanto no outro estão muitas famílias com propriedades muito pequenas. Precisamos enfrentar essa desigualdade que, ano após ano, prejudica o desenvolvimento sustentável e o combate à pobreza não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina”, afirmou na ocasião Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil
Fonte: ICL NOTÍCIAS