
Uma nova pesquisa do instituto Datafolha mostra que a maioria dos brasileiros quer ver Jair Bolsonaro (PL) preso por sua tentativa de permanecer no poder após a derrota nas eleições de 2022. O levantamento aponta que 48% defendem a prisão do ex-presidente, enquanto 46% preferem que ele permaneça livre. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Apesar do empate técnico, os números revelam uma vantagem numérica para os que exigem que Bolsonaro responda judicialmente por sua participação na trama golpista que culminou nos ataques de 8 de janeiro de 2023. O caso será julgado pelo Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.
A pesquisa ouviu 2.044 pessoas entre os dias 29 e 30 de julho. Quando questionados se acreditam que Bolsonaro será de fato preso, 51% disseram que não — evidenciando um clima de desconfiança sobre a efetividade da Justiça brasileira. Apenas 40% creem que ele será condenado à prisão.
A movimentação recente do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs sanções ao ministro Alexandre de Moraes e tem defendido Bolsonaro como “perseguido político”, não parece ter surtido o efeito esperado entre a população brasileira. O apoio internacional ao ex-presidente não impediu o crescimento da percepção negativa sobre seu envolvimento em ações antidemocráticas.
Bolsonaro é acusado pela Procuradoria-Geral da República de liderar um plano de ruptura institucional que envolveu militares, políticos e aliados civis. A denúncia inclui tentativas de anular as eleições, fomentar o desrespeito ao resultado das urnas e estimular os ataques violentos à Praça dos Três Poderes.

O filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente vive nos Estados Unidos, tem atuado para reforçar o discurso de perseguição, buscando apoio do governo Trump e tentando influenciar instituições financeiras a bloquearem contas de Alexandre de Moraes. A estratégia tem sido vista por ministros do STF, em especial integrantes da Primeira Turma, como Flávio Dino e Alexandre de Moraes, como uma afronta à soberania nacional e uma tentativa deliberada de constranger o Judiciário brasileiro
Entre os recortes da pesquisa, a maioria dos eleitores do Nordeste, mulheres, jovens e pessoas com renda de até dois salários mínimos manifestaram desejo de ver Bolsonaro punido. Já entre evangélicos e moradores da região Sul, a divisão é mais equilibrada, refletindo a base conservadora que ainda sustenta o ex-presidente.
O julgamento de Bolsonaro está previsto para setembro. A depender da decisão do STF, ele poderá ser condenado a uma pena que varia de 12 a 43 anos de prisão. O resultado será decisivo para o futuro da democracia brasileira e para o legado de impunidade ou responsabilização do período bolsonarista.