
A escalada da tensão entre Brasil e Estados Unidos, provocada pelas novas tarifas comerciais e pelas sanções contra Alexandre de Moraes, aproximou o presidente Lula (PT) do Supremo Tribunal Federal (STF). Enquanto Executivo e Judiciário se alinham para responder às investidas do governo Trump, o Congresso Nacional adota uma postura mais cautelosa, evitando se envolver diretamente no confronto diplomático. Com informações do Metrópoles.
Trump assinou uma ordem executiva impondo alíquota adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando a tarifa total para 50%. Mesmo com a medida, quase 700 itens ficaram de fora da lista, por serem considerados estratégicos para os interesses americanos.
Em paralelo, o governo dos EUA sancionou Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, que permite bloqueio de bens, contas bancárias e outras penalidades financeiras em território norte-americano.
Em resposta, Lula telefonou para Moraes ainda no dia do anúncio para prestar solidariedade. Pouco depois, convocou uma reunião de emergência com ministros e, mais tarde, reuniu-se com integrantes do STF. Em nota oficial, o Planalto condenou a postura de Washington: “É inaceitável a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira”.
Enquanto isso, a reação no Congresso foi mais tímida. Apesar de declarações formais dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a cúpula do Legislativo evitou tomar parte ativa na crise.
Eduardo Bolsonaro no centro da crise
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente licenciado do mandato e morando nos Estados Unidos, tornou-se peça central da crise. Segundo ele próprio, tem atuado para convencer autoridades norte-americanas a adotar medidas contra instituições brasileiras e para “salvar” seu pai, Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe.
O “bananinha” comemorou nas redes sociais tanto a sanção contra Alexandre de Moraes quanto o tarifaço anunciado por Trump.

Em reação, o PT protocolou um pedido de cassação contra Eduardo na Câmara, acusando o parlamentar de ter praticado um “ato de afronta explícita à soberania nacional” ao atuar junto ao governo Trump contra o Brasil.
Segundo alguns parlamentares petistas, o Congresso tem mantido certa distância do centro da crise, mesmo diante do envolvimento direto de Eduardo Bolsonaro. A expectativa é de que Motta avalie o pedido de cassação assim que a Câmara retomar os trabalhos, na próxima semana.