POLÍTICA

Como aliados de Bolsonaro articulam com ministros do STF sobre prisão domiciliar

Jair Bolsonaro, então presidente, durante cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes na Presidência do TSE, em agosto de 2022. Foto: Antonio Augusto/TSE

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro intensificaram as articulações com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) após o ministro Alexandre de Moraes decretar sua prisão domiciliar nesta segunda (4). A movimentação de bastidores teve início poucas horas após a decisão e continuou ao longo desta terça (5).

Segundo a coluna de Bela Megale no jornal O Globo, os interlocutores bolsonaristas foram informados de que Moraes não havia comunicado previamente os demais ministros sobre a medida cautelar. Ainda assim, alguns magistrados ponderaram que, desde a imposição do uso de tornozeleira eletrônica em 18 de julho, a possibilidade de prisão domiciliar já era considerada.

Os aliados de Bolsonaro buscaram abrir canais de diálogo, mas ouviram críticas diretas à postura do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente. Ele está nos Estados Unidos e tem pressionado autoridades americanas por sanções contra Moraes e defendido uma anistia internacional para seu pai.

Magistrados enxergam essas ações como tentativas de interferir diretamente no processo que investiga Bolsonaro pela trama golpista. Durante as conversas, reforçaram que o tribunal não aceitará pressões externas ou institucionais, embora reconheçam que o momento de crise e polarização é desgastante para o Judiciário.

O ex-presidente Jair Bolsonaro exibe tornozeleira eletrônica na Câmara dos Deputados. Foto: Cristiano Mariz

As tratativas com ministros do Supremo devem continuar ao longo da semana. De acordo com relatos feitos por magistrados à imprensa, eles têm sido abordados de forma recorrente por interlocutores do bolsonarismo.

O ex-presidente, por sua vez, está em prisão domiciliar e só pode se comunicar com advogados e familiares próximos, sem qualquer envolvimento direto nas articulações políticas.

Enquanto isso, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e lideranças da oposição ampliaram a ofensiva contra o Supremo dentro do Congresso Nacional. Parlamentares bolsonaristas passaram a pressionar os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, para que tomem posição contra o STF e elevem o tom das críticas a Alexandre de Moraes.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo