
A extrema direita brasileira demonstrou preocupação com a força das manifestações contra a chamada “PEC da Bandidagem” e contra a anistia aos golpistas, realizadas neste domingo (21) em diversas cidades do país e também no exterior.
Os atos reuniram milhões de pessoas e surpreenderam os bolsonaristas, que reagiram nas redes sociais com ironias e acusações de que a mobilização — que contou com artistas e músicos — teria sido financiada pela “Lei Rouanet”.
Publicamente, figuras como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) e o pastor Silas Malafaia tentaram minimizar o impacto dos protestos. Nos bastidores, porém, aliados da extrema direita reconheceram que as manifestações foram um sucesso e devem sepultar tanto a PEC quanto o projeto de anistia no Congresso.
Nikolas chegou a publicar um vídeo do início do ato na avenida Paulista, em São Paulo, quando ainda havia pouca gente no local, sugerindo baixa adesão. “Nem com Rouanet vingou”, escreveu. Seguidores, no entanto, responderam com imagens do auge da mobilização. Segundo o Monitor do Debate Político do Cebrap (USP), mais de 42 mil pessoas participaram do ato na capital paulista.
Já Malafaia recorreu às redes para questionar as imagens. Em uma publicação, ironizou:
“Só rindo muito kkkkk. Fotos fechadas, show de artistas para levar gente para a rua. Faz como nós fazemos, drone de cima mostrando a realidade. Esquerda cretina que engana o povo!”
Em outro post, o pastor comparou vídeos de atos pró-anistia com os contra a PEC: “Para calar o PT, compare as imagens!”, escreveu.
Ato gigante em São Paulo
O protesto na avenida Paulista reuniu mais de 42 mil pessoas no auge, de acordo com estimativa do Monitor da USP. Pesquisadores registraram imagens em quatro horários (14h10, 14h45, 15h22 e 16h06) e captaram 38 fotos aéreas cobrindo toda a extensão do ato, sem sobreposição.
A contagem foi feita pelo método Point to Point Network (P2PNet), desenvolvido na Universidade de Chequião, na China, em parceria com a Tencent, e treinado com bancos de imagens de multidões da Universidade de Xangai e da USP.
Com precisão de 72,9% e acurácia de 69,5%, o sistema apresenta margem média de erro de 12%. Em termos práticos, isso significa que, em um público estimado de 100 mil pessoas, a variação real pode ficar entre 88 mil e 112 mil.