POLÍTICA

Cidade de Gaza deve ser evacuada até 7 de outubro, anuncia Netanyahu

População palestina na Faixa de Gaza entre os escombros. Foto: Reprodução/Reuters

O Gabinete de Segurança de Israel aprovou, na madrugada da última sexta-feira (8), a proposta do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para ampliar a ofensiva militar na Faixa de Gaza. A decisão autoriza a tomada de controle da Cidade de Gaza, no norte do enclave, contrariando a recomendação da cúpula militar, que defendia um novo acordo de cessar-fogo em vez da intensificação dos combates. O conflito se estende há quase dois anos. Com informações da Folha de S.Paulo.

Segundo o comunicado oficial, as Forças de Defesa de Israel (IDF) se preparam para avançar gradualmente sobre a cidade, já cercada por áreas sob domínio israelense ou em processo de evacuação. A ação será acompanhada, de acordo com o governo, pela distribuição de ajuda humanitária fora das zonas de combate, mas com o objetivo declarado de “destruir o Hamas” e neutralizar sua capacidade operacional.

Após dez horas de reuniões, o gabinete evitou o termo “ocupação” e adotou a expressão “tomar o controle” da cidade, justificando a escolha por questões legais ligadas à responsabilidade sobre civis. Fontes militares, no entanto, admitem que a medida implica controle total, caracterizando, na prática, uma ocupação.

Áreas de Gaza controladas militarmente por Israel — Foto: Ilustração/OGlobo

O plano estipula que moradores deixem a Cidade de Gaza até 7 de outubro, prazo que coincide com o segundo aniversário do ataque do Hamas contra Israel em 2023. Findo o período, terá início uma ofensiva terrestre prevista para durar três meses, seguida pelo avanço a campos de refugiados na região central. Estima-se que toda a operação, incluindo fases posteriores, leve cerca de sete meses.

Entre as metas anunciadas estão o desarmamento do Hamas, a libertação de todos os reféns, vivos ou mortos, a desmilitarização de Gaza, o controle de segurança israelense sobre o território e a criação de uma administração civil que não envolva o grupo palestino nem a Autoridade Nacional Palestina.

A Cidade de Gaza, com cerca de 800 mil habitantes, é o principal centro urbano do enclave e concentra infraestrutura política e econômica considerada estratégica para o Hamas. Netanyahu afirma não pretender governar diretamente a Faixa, mas transferir o controle a forças árabes que, segundo ele, administrariam a região de forma estável e sem ameaçar Israel.

O Exército diz controlar 75% de Gaza, principalmente áreas de fronteira. A ONU calcula que 86% do território esteja militarizado ou sob ordens de retirada. Autoridades militares projetam que o domínio completo da Faixa poderia levar até dois anos, enquanto a instalação de um sistema de controle semelhante ao da Cisjordânia demandaria cerca de cinco anos.

O Hamas classificou a decisão como “novo crime de guerra” e alertou que a ampliação das operações coloca em risco os reféns. Organismos internacionais e países como China, Turquia, Reino Unido e Alemanha — que suspendeu exportações militares para Israel — condenaram a medida. A ONU adverte que a ofensiva pode agravar a crise humanitária, com a população vivendo em condições críticas e um fluxo diário de ajuda muito abaixo do necessário.

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