
A Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) revisou nesta semana seu arquivo público sobre o Brasil, disponível no “Factbook” — um almanaque com dados básicos sobre 266 países e territórios. A atualização ocorre em meio à escalada da guerra tarifária e da crise política entre os governos de Donald Trump e Lula (PT) e apresenta um retrato mais resumido e genérico sobre o país. Com informações do Valor Econômico.
O novo texto ajusta indicadores econômicos, dados sobre geração de energia e informações gerais, mas reduz detalhes em áreas como forças militares, telecomunicações, transporte, demografia e meio ambiente.
Em comparação com a versão anterior, de 2 de janeiro de 2025, antes do início do mandato de Trump, há cortes significativos em descrições históricas, análises sociais e referências culturais.
Alterações na geografia e na cultura
Na seção de geografia, sumiram referências à origem da mandioca e do abacaxi. O texto anterior descrevia a mandioca como “a sexta cultura alimentar mais importante do mundo” e indicava que ela provavelmente se originou na região Centro-Oeste do Brasil.
Sobre o abacaxi, afirmava-se que a fruta era nativa do Sul do Brasil e do Paraguai. Essas informações foram eliminadas na nova versão.
Demografia reduzida a números
Antes, havia um tópico dedicado à análise demográfica, que citava o declínio da fecundidade, o impacto do Bolsa Família e do sistema de aposentadoria pública, além da desigualdade como fator para a criminalidade.
O texto dizia que “mais da metade da população brasileira é considerada de classe média, mas os níveis de pobreza e desigualdade de renda permanecem altos; as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, mulheres e populações negra, parda e indígena são desproporcionalmente afetadas”.
Agora, restam apenas dados brutos de população, sem análises sociais ou econômicas.

Contexto militar e combate às drogas
As informações sobre forças militares foram encurtadas, com a retirada de descrições sobre estrutura, responsabilidades e gastos com Defesa. Sumiram também as referências à atuação doméstica das Forças Armadas em operações contra narcotráfico, contrabando e epidemias.
No tópico sobre drogas, o Brasil deixa de ser descrito como “país de trânsito e destino de cocaína” e passa a ser mencionado apenas como “grande produtor de precursores químicos”.
Menos problemas ambientais
O trecho sobre desmatamento foi simplificado, excluindo a explicação de que ele “destrói o habitat e põe em perigo uma infinidade de espécies vegetais e animais nativas”.
Problemas como degradação do solo e poluição da água também perderam detalhamento, deixando de citar práticas de mineração ilegais como causa. Dados sobre a participação de recursos florestais e carvão no PIB foram removidos.
Economia, telecomunicações e transporte
Na economia, a menção a “reformas de simplificação tributária” foi retirada e substituída pela observação de que o aperto monetário ajuda a controlar a inflação. As notas das agências de risco Fitch, Moody’s e S&P também desapareceram.
As seções sobre telecomunicações e transporte foram cortadas, eliminando informações sobre a expansão da fibra óptica, presença de cabos submarinos e a estrutura do transporte aéreo, rodoviário, hidroviário e dutoviário.