POLÍTICA

Celso Amorim diz que Lula “jamais se deixará humilhar” por Trump em reunião

O assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim, ao lado do presidente Lula (PT). Foto: Reprodução

O assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim, afirmou nesta segunda-feira (29) que o presidente Lula (PT) “jamais se deixará humilhar” em uma eventual reunião com Donald Trump. A declaração foi dada em meio às negociações diplomáticas que buscam viabilizar um encontro entre os dois líderes após a Assembleia-Geral da ONU.

Questionado sobre temores de que Lula pudesse ser alvo de constrangimento semelhante ao sofrido por outros chefes de Estado em reuniões com Trump, Amorim foi categórico: “Lula jamais se deixará humilhar por Trump. Essa possibilidade não existe, pode tirar da cabeça”, disse o ex-chanceler à Folha de S.Paulo.

A cautela do Itamaraty se deve a episódios recentes. Em fevereiro, Trump discutiu publicamente com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski. Em maio, mostrou um vídeo distorcido sobre “genocídio branco” ao presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. Já o premiê do Canadá, Mark Carney, ouviu do republicano que “nunca diga nunca” quando reafirmou que seu país jamais seria anexado pelos EUA.

Encontro deve ocorrer na Malásia

Na ONU, no último dia 23, Trump disse ter tido “excelente química” com Lula e sinalizou que os dois poderiam se encontrar em breve. A principal possibilidade é uma reunião em outubro, durante a Cúpula da Asean, na Malásia, embora a data e o local ainda não estejam confirmados.

“Pode ser que a Malásia seja a melhor opção, mas o mais importante é que a reunião seja produtiva, como querem os dois países”, afirmou Amorim.

Lula e Donald Trump. Foto: Reprodução

Relação entre Brasil e EUA

Segundo o assessor, há interesse do governo americano em avançar no diálogo. “É muito importante que [os EUA] reconheçam que o Brasil é um grande país, que é essencial termos boa relação e boa discussão nos temas em que há desacordo”, disse, citando as negociações comerciais.

Lula já declarou que pretende “colocar tudo na mesa”, mas que questões como a soberania nacional são inegociáveis.

Amorim destacou ainda que Trump, mesmo após críticas preparadas em seu discurso, elogiou Lula em momentos improvisados. Para ele, o contato pessoal pode mudar a dinâmica entre os dois. “O mundo é imprevisível, aprendi isso nos meus 83 anos”, afirmou.

O assessor lembrou que, no passado, Lula conseguiu manter uma boa relação com George W. Bush, apesar das tensões envolvendo a Guerra do Iraque. “Não se imaginava que o presidente Lula pudesse ter uma boa relação com o presidente [George W.] Bush, mas foi o que aconteceu”, disse Amorim.

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