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Caminhoneiro viaja dos EUA de motorhome para trazer esposa em coma ao Brasil

Ubiratan Rodrigues e os filhos diante de Fabíola da Costa. Foto: reprodução

O caminhoneiro brasileiro Ubiratan Rodrigues da Nova decidiu fazer uma viagem de volta ao Brasil de motorhome com a esposa, Fabíola da Costa, e os três filhos. A família vive nos Estados Unidos desde 2020, mas a rotina mudou radicalmente após Fabíola sofrer um mal súbito em setembro de 2024, que a deixou em estado vegetativo.

Sem condições de pagar por uma UTI aérea, orçada entre R$ 657 mil e R$ 720 mil, Ubiratan optou por adaptar um motorhome e dirigir de Orlando, na Flórida, até Juiz de Fora, em Minas Gerais, em uma jornada que deve durar até dois meses.

Segundo o caminhoneiro, a viagem é a única alternativa viável. “Não temos familiares por perto para ajudar, então toda a responsabilidade ficou comigo. Criamos uma vaquinha, mas os recursos estão acabando. Como não conseguimos levantar dinheiro suficiente para a UTI aérea, optei pelo motorhome como alternativa. Foi a única saída possível no momento”, afirmou.

O veículo, avaliado em cerca de US$ 30 mil, será adaptado com cama e equipamentos médicos que funcionam com energia elétrica, alimentados por baterias, gerador e painéis solares. A rota, traçada para evitar áreas desérticas e de difícil acesso, passará por México, América Central e países andinos até a fronteira com o Acre.

A história da família comoveu brasileiros nos Estados Unidos e no Brasil. Fabíola desmaiou em casa, na frente dos filhos, enquanto o marido trabalhava no Texas. O filho mais velho, Arthur, conseguiu levá-la ao hospital, mesmo sem saber dirigir bem. Ela sofreu três paradas cardíacas, que comprometeram a oxigenação do cérebro.

Fabíola antes do ficar em estado vegetativo. Foto: reprodução

“Foi desesperador. Quando cheguei, o chão desmoronou”, relatou Ubiratan. Segundo ele, os médicos ainda não descobriram o que causou o mal súbito. “Ela sempre foi saudável, não tinha nenhum problema. Foi algo inesperado, não dava para prever”.

Sem poder trabalhar, Ubiratan passou a viver de doações de amigos, igrejas e campanhas nas redes sociais. “É uma dor na alma olhar para ela assim todos os dias. Tem de ser pai, mãe, enfermeiro, médico, tudo ao mesmo tempo. Mas Deus tem dado forças”, contou.

Antes da tragédia, ele trabalhava como caminhoneiro e sustentava a família com cerca de US$ 1.500 por semana. O casal chegou a vender um apartamento no Brasil, mas o dinheiro se esgotou rapidamente. Agora, o aluguel e os custos com medicamentos e cuidados consomem o que resta das economias.

A família tentou ajuda oficial. Segundo Ubiratan, o consulado brasileiro nos Estados Unidos informou que não poderia custear o transporte médico internacional. Em nota, o Itamaraty declarou que acompanha o caso e presta assistência psicológica e jurídica, mas não fornece detalhes sobre o apoio por questões de sigilo consular.

Sem outras opções, o caminhoneiro mantém duas campanhas virtuais para arrecadar fundos — uma no GoFundMe, com meta de US$ 250 mil, e outra na plataforma Vaquinha, com objetivo de R$ 800 mil. A partida da viagem está prevista para o fim de outubro. “A esperança é voltar para casa. Mesmo que demore, a gente vai chegar”, disse ele.

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