Mensagens de WhatsApp extraídas do celular de Jair Bolsonaro (PL) revelam que o ex-presidente orientou aliados a apoiar uma CPI contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente Alexandre de Moraes. Com informações do Estadão.
Os diálogos envolvem o deputado Hélio Lopes (PL-RJ), conhecido nas redes sociais como “Negão do Bolsonaro”, que demonstrava resistência em assinar o pedido de investigação por temer represálias ao próprio ex-mandatário.
“Boa noite, presidente. A galera tá me pressionando aí porque Eduardo, todo mundo assinou essa CPI de abuso de autoridade do TSE e do STF e eu não assinei até agora porque… eu não queria entrar nessa bola dividida, com medo de prejudicar até o senhor mesmo nas decisões lá. O que o senhor acha aí mais ou menos?”, perguntou Hélio.
Bolsonaro respondeu diretamente: “Eu assinaria. Sempre existe a possibilidade de retaliações”. Na sequência, o deputado confirmou: “Já assinei”.
A proposta havia sido apresentada ainda em 2022 pelo deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), mas ganhou força entre bolsonaristas após a derrota eleitoral de Bolsonaro. No início de 2023, deputados ligados ao ex-capitão tentaram retomar a coleta de assinaturas, mas a comissão parlamentar de inquérito nunca foi instalada.
Também foi Hélio Lopes quem montou uma barraca na Praça dos Três Poderes, na semana passada, em protesto contra decisões judiciais impostas a Bolsonaro pelo ministro Alexandre de Moraes. Com um esparadrapo na boca, ele acusava o magistrado de “censura”.
Moraes, no entanto, determinou a retirada do acampamento. Em sua decisão, o magistrado argumentou que as medidas tinham o objetivo de evitar um novo 8 de Janeiro.
Bolsonaro articulou contra PL das Fake News com Eduardo
As mensagens revelam também outra frente de articulação de Bolsonaro no Congresso. Em maio de 2023, o ex-presidente orientou seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) a atuar contra o PL das Fake News, que visava regular plataformas digitais e combater a desinformação.
Em 2 de maio daquele ano, Bolsonaro alertou que a proposta iria a plenário naquele dia. Às 19h39, Eduardo informou: “Orlando Silva acabou de pedir para retirar de pauta o PL 2630”. O ex-presidente respondeu: “Tem que votar hoje”. Eduardo concluiu: “Manifestei pela votação hoje, como líder da minoria”.
O projeto foi apelidado por bolsonaristas de “PL da Censura” e acabou sendo enterrado pelo então presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
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