POLÍTICA

Tarifaço de Trump: Entenda quais itens podem encarecer ou baratear no Brasil

Donald Trump, presidente dos EUA – Foto: Reprodução

A tarifa adicional de 50% imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros importados pelos EUA pode impactar os preços de alimentos no Brasil, mas os efeitos variam conforme o setor. A sobretaxa incide sobre itens como carne, café e tilápia exportados para os Estados Unidos. A medida não afeta diretamente o bolso do consumidor brasileiro, mas pode alterar a dinâmica de oferta e demanda no mercado interno.

No caso da carne bovina, o preço pode até cair no início, com a redução da demanda americana, mas deve subir no médio prazo.

“Aqui nós vamos ver o boi cair e, lá na frente, ver a carne subir mais ainda”, explica Cesar de Castro Alves, do Itaú BBA. A expectativa é de queda no número de abates, o que já era previsto, mas pode ser intensificado com o tarifaço – os EUA são o segundo maior destino da carne brasileira, atrás apenas da China.

Funcionários trabalham no processamento de carne em frigorífico brasileiro – Foto: Reprodução

Para o setor cafeeiro, os efeitos são menos imediatos. Segundo Celírio Inácio, da Abic, os exportadores devem negociar com os compradores americanos para manter as vendas.

“Nesse momento, o importador ainda tem em estoque o café que não foi taxado”, diz. A colheita anual também contribui para que eventuais mudanças levem mais tempo para se refletirem nos preços no Brasil.

A situação da tilápia é mais delicada. Com 90% das exportações destinadas aos EUA, o setor deve redirecionar o produto ao mercado interno, o que tende a derrubar os preços.

“O efeito sobre os preços será gradual”, afirma Matheus Do Ville Liasch, do Cepea/USP. No entanto, a indústria teme um colapso, pois o consumo interno não teria como absorver todo o excedente, segundo Eduardo Lobo, da Abipesca.

Especialistas alertam que, a longo prazo, a manutenção do tarifaço pode gerar instabilidade nos preços.

Para o café, por exemplo, um cenário prolongado pode levar a uma redução na produção, elevando os preços futuramente.

Já no caso da tilápia, a retração na produção, provocada pela queda nas exportações, pode resultar em encarecimento do peixe no mercado interno se a demanda crescer novamente.

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