POLÍTICA

Berta Loran fugiu do nazismo e fez história na comédia brasileira

A atriz e comediante Berta Loran. Foto: Reprodução

A atriz Berta Loran, lenda da comédia brasileira e ex-estrela da Globo, morreu nesta segunda-feira (29), aos 99 anos. Nascida em Varsóvia, na Polônia, e de família judia, chegou ao Brasil aos nove anos após fugir do Holocausto e do regime nazista.

O nome de registro da atriz era Basza Ajs. Ao ser matriculada em uma escola brasileira, foi orientada a alterá-lo para evitar piadas entre os colegas.

“Quando entrei no colégio, pediram certidão e o delegado, quando foi me registrar, disse que as crianças iam rir do meu nome, então sugeriu a mudança de Basza Ajs para Berta Ajs”, contou em uma entrevista em 2011. O sobrenome artístico Loran surgiu mais tarde, quando iniciou a carreira no teatro.

Ainda no Rio de Janeiro, Berta começou a se apresentar em clubes da comunidade judaica ao lado da irmã, na dupla Berta e Bela Ais. Ganhou destaque no teatro de revista nos anos 1950 e, em seguida, consolidou-se na televisão.

Contratada pela Globo a convite de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, brilhou em atrações como “Balança, Mas Não Cai (1968)”, “Escolinha do Professor Raimundo” e “Zorra Total”.

Parcerias marcantes no humor

Com Chico Anysio, viveu algumas das personagens mais memoráveis, como Manuela D’Além Mar, na primeira versão da “Escolinha”. Em 2001, voltou ao programa interpretando Sara Rebeca, uma judia portuguesa.

Atriz e comediante Berta Loran morre aos 99 anos no Rio de Janeiro - Curta Mais - Goiânia
Berta Loran com Chico Anysio e elenco da “Escolinha do Professor Raimundo”, em 1991. Foto: Paulo R. Fonseca

Também integrou o elenco de “Faça Humor, Não Faça Guerra (1971-1973)”, ao lado de Jô Soares e Renato Corte Real, que inovou o formato de comédia na TV. “O artista nasce comediante. Para fazer humor, antes de mais nada, o humorista nunca deve rir”, afirmou em uma de suas entrevistas.

Além dos programas de humor, participou de novelas como “Amor com Amor se Paga (1984)”, da minissérie “Chiquinha Gonzaga (1999)” e do folhetim “Cama de Gato (2010)”. No teatro, sua grande paixão, esteve em montagens como “O Peru (1963)”, “Alegro Desbum (1973)” e “Até que as Sogras nos Separem (1999)”. Seu último trabalho na televisão foi em “A Dona do Pedaço (2019)”.

Despedida

Berta Loran estava internada em um hospital particular no Rio de Janeiro, mas a causa da morte não foi divulgada. Discreta nos últimos anos, evitava entrevistas e raramente aparecia em público. Seu centenário seria celebrado em março de 2026.

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