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Barroso cogita antecipar saída do STF em razão da ‘crise de civilidade’

Desiludido com os rumos da política global, o ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), estaria considerando deixar o cargo antes da aposentadoria compulsória, prevista apenas para 2032. A informação foi divulgada pela CNN Brasil, em reportagem de Luísa Martins, Isabel Mega e Gustavo Uribe.

Fontes próximas ao ministro revelam que ele cogita anunciar sua saída após o término de seu mandato na presidência do STF, em setembro deste ano. Embora a decisão ainda não esteja tomada, a hipótese de aposentadoria antecipada vem sendo discutida com seriedade nos bastidores. Aos 67 anos, Barroso poderia permanecer na Corte até os 75, mas avalia que sua trajetória como magistrado pode estar chegando ao fim.

O principal motivo seria um sentimento de frustração diante do que ele chama de uma “crise de civilidade” no cenário internacional. Para Barroso, o ambiente institucional tem se tornado cada vez mais hostil, dificultando o debate racional e construtivo — algo que vem minando sua motivação para continuar na vida pública. A deterioração nas relações com os Estados Unidos também pesa em sua avaliação.

Segundo relatos, Barroso foi um dos ministros brasileiros que tiveram seus vistos para os EUA cancelados no início do segundo mandato de Donald Trump, em 2025. O ex-presidente americano enxerga o magistrado como aliado de Alexandre de Moraes, seu principal opositor no Judiciário brasileiro. Ao contrário de Moraes, que teria minimizado a situação, Barroso sentiu-se atingido de forma mais pessoal, devido à sua forte ligação com instituições acadêmicas norte-americanas, como a Harvard Kennedy School, além de passar temporadas no país durante as férias.

Internamente, Barroso também reflete sobre sua nova posição na Segunda Turma do STF, que inclui ministros com os quais tem menos afinidade: Edson Fachin, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, André Mendonça e Nunes Marques. Desde sua nomeação em 2013, ele sempre atuou na Primeira Turma, onde construiu relações mais próximas.

Caso se confirme sua saída, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá a oportunidade de indicar mais um nome ao Supremo ainda neste mandato. Entre os cotados estão o advogado-geral da União, Jorge Messias, e a presidente do Superior Tribunal Militar, ministra Maria Elizabeth Rocha — ambos com respaldo dentro do governo.

Ainda sem decisão oficial, a possível aposentadoria de Barroso já provoca movimentações tanto no Judiciário quanto no Executivo. O ministro planeja, caso se desligue da Corte, dedicar-se à vida acadêmica como professor e palestrante, mas não descarta aceitar uma função diplomática. Para ele, o momento exige distanciamento e reflexão.

A pessoas próximas, Barroso teria confidenciado uma frase que resume seu estado de espírito:
“Há momentos em que o recuo é a única forma digna de resistência.”

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