
Uma pergunta com resposta pronta: por que direita e extrema direita querem sair do alcance do Supremo, pregando o fim do foro privilegiado para políticos com mandato, que tanto defenderam por tanto tempo?
Porque, claro, o Supremo vem cercando o fascismo golpista e corrupto. O que eles querem é que seus processos corram na Justiça de primeira instância. Querem que juízes da paróquia julguem os poderosos da cidade.
É gente graúda e rica que promove até banquetes com desembargadores de tribunais estaduais. Quem disse que não é bem assim, que esse tipo de abordagem deprecia magistrados do interior, que procure falar com os deputados.
Procure saber por que esse desatino dos que lutam para fugir do Supremo. São eles, os que têm o rabo preso, que depreciam a magistratura.
São eles que imaginam seus processos dormindo com traças em gavetas de foros das suas cidades. Eles desqualificam a primeira instância da Justiça ao almejarem sua proteção.
Se já fosse assim, se o STF tivesse perdido suas prerrogativas, Carla Zambelli dificilmente seria condenada por tentar invadir o sistema de informática do Conselho Nacional de Justiça.
Zambelli também poderia se considerar livre de condenação por perseguir, com arma em punho, o jornalista Luan Araújo pelas ruas de São Paulo em 2022.

Bolsonaro e os golpistas só seriam alcançados pelo Judiciário por um milagre, mas a Justiça comum não lida com esse tipo de surpresa quando os réus são de direita.
Políticos de direita e extrema direita que cometem delitos eleitorais geralmente são poupados, com raras exceções, pela Justiça eleitoral dos seus Estados.
Políticos com vínculos com o fascismo só têm sido condenados após recursos no TSE, em Brasília. Sim, há exceções. Mas não nos Estados mais bolsonaristas.
O que o bolsonarismo quer é que, a exemplo do que acontece na área eleitoral, os seus deputados sejam poupados também na área criminal.
Querem banquetes livres com desembargadores e juízes da paróquia. Desejam que os processos sejam intermináveis. Querem prescrições que acabam valendo como absolvições.
A bandidagem do Congresso quer a garantia de impunidade, com a cumplicidade das estruturas do sistema de Justiça municipais e estaduais.
Os deputados que planejam a mudança de foro ficam dois ou três dias por semana em Brasília. Eles não são de Brasília. Nunca moraram em Brasília. Eles são de Atibaia, Varjão de Minas, Aporé, São Borja, Maricá.
Eles querem que seus casos fiquem sob os cuidados dos juízes amigos das famílias poderosas do interiorzão cada vez mais alinhado ao bolsonarismo e lotado de impunes.