
A escalada de tensão entre os Estados Unidos e países da América Latina, especialmente Venezuela e Colômbia, preocupa diplomatas brasileiros e acende o alerta em Brasília. Para o governo, o clima hostil pode complicar as negociações entre Lula e Donald Trump sobre o tarifaço que afeta exportações brasileiras. Com informações do g1.
O Itamaraty avalia que o Brasil precisa agir com cautela para manter canais de diálogo abertos com Washington. A tensão cresceu após a troca de ofensas entre Trump e líderes da região, e diplomatas temem que isso afete a tentativa de reaproximação iniciada entre os dois presidentes.
Na quinta-feira (16), o chanceler Mauro Vieira se reuniu com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, e acertou a realização de uma reunião técnica virtual entre negociadores dos dois países nos próximos dias.
O encontro ocorre em meio à crise provocada pela decisão de Trump de impor tarifas de 50% a produtos brasileiros, sob a alegação de “práticas desleais de comércio” e de uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As medidas estão em vigor desde agosto.
Troca de ameaças entre EUA, Venezuela e Colômbia
“É melhor encerrar as operações de drogas ou os Estados Unidos as encerrarão por ele — e não será feito de forma gentil”, afirmou o republicano.
Mais cedo, Petro acusou Washington de assassinato após um ataque americano no Caribe. O episódio ocorreu em uma região próxima à Venezuela, onde Trump admitiu ter autorizado operações secretas da CIA e considerado ataques terrestres contra cartéis.
O governo venezuelano respondeu com o envio de caças, submarinos e navios de guerra, sem descartar uma invasão por terra.
Os Estados Unidos também acusam Nicolás Maduro de liderar o Cartel de los Soles, classificado por Trump como organização terrorista internacional. A ofensiva americana amplia a tensão regional e gera preocupação entre países vizinhos.
Lula pretende alertar Trump sobre risco de conflito
Fontes do Palácio do Planalto afirmam que Lula deve alertar Trump pessoalmente sobre os riscos de uma intervenção militar na Venezuela. O presidente brasileiro pretende defender uma solução diplomática e advertir que uma ação armada americana pode desestabilizar toda a América Latina, abrindo espaço para o fortalecimento do narcotráfico.
A conversa deve ocorrer em uma reunião bilateral ainda sem data confirmada, que está sendo organizada desde um telefonema entre Lula e Trump em 6 de outubro, quando os dois discutiram economia e comércio exterior.

Reunião vista como “fundamental”
O governo brasileiro considera “fundamental” que o encontro aconteça ainda em 2025. Lula embarca nesta terça-feira (21) para a Malásia, onde participará da Cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático), e há possibilidade de que a reunião ocorra durante a viagem.
Diplomatas afirmam que o diálogo direto entre os dois presidentes é essencial para reduzir ruídos e interferências externas nas negociações bilaterais. O Planalto recebeu sinais de que a Casa Branca também deseja acelerar o encontro.
“Há, no horizonte, muitas tentativas externas de pautar agendas paralelas e atrapalhar a relação bilateral. Tem muita espaçonave desgovernada no caminho, e a presença dos chefes de Estado, o quanto antes, é fundamental para impedir qualquer interferência”, afirmou uma fonte do governo.