
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, marcou presença na noite desta quarta-feira (30) em um jogo do Corinthians, em São Paulo, poucas horas após ter sido alvo de sanções dos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky — mecanismo geralmente aplicado a ditadores e violadores de direitos humanos.
Moraes compareceu à Neo Química Arena acompanhado da esposa, para assistir à partida entre Corinthians e Palmeiras, válida pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Das arquibancadas, foi visto acenando ao público e, em determinado momento, fez um gesto obsceno com o dedo médio, conforme registrado em foto divulgada pelo jornal O Estado de S.Paulo. Ao chegar ao estádio, foi filmado dizendo: “Vai, Corinthians”.
Em abril, uma reportagem da Folha de S.Paulo revelou que o ministro utilizou uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para se deslocar de Brasília a São Paulo na véspera da final do Campeonato Paulista, também entre Corinthians e Palmeiras. Segundo o site da FAB, a viagem foi autorizada por motivos de segurança e transportou apenas o ministro.
Torcedor declarado, Moraes já mencionou o futebol diversas vezes em sessões do Supremo. Em 2023, durante uma sessão transmitida ao vivo, afirmou que o Palmeiras não possui título de Mundial de Clubes.
Sanções dos EUA
Nesta quarta-feira (30), o governo dos Estados Unidos anunciou sanções econômicas contra Alexandre de Moraes, acusando o ministro de cercear a liberdade de expressão e perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados. As medidas foram aplicadas com base na Lei Magnitsky.
“O ministro se colocou como juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas dos Estados Unidos e do Brasil”, afirmou Scott Bessent, secretário do Tesouro norte-americano.
Já o ex-secretário de Estado no governo Trump, senador Marco Rubio, declarou que há “graves abusos de direitos humanos” cometidos por Moraes.
Apoio institucional
Diante das sanções, o Supremo Tribunal Federal divulgou uma nota em defesa do ministro. A Corte ressaltou que o julgamento de crimes contra a democracia brasileira é competência exclusiva da Justiça do país, exercida com independência e conforme a Constituição. A nota foi interpretada como uma referência direta à ação penal envolvendo Bolsonaro, na qual Moraes atua como relator.
A Corte reforçou ainda seu compromisso com o cumprimento das leis brasileiras, sem se desviar de seu papel constitucional.
O ministro Gilmar Mendes, decano do STF, manifestou apoio integral ao colega em publicação nas redes sociais. “O ministro Alexandre tem prestado um serviço fundamental para a preservação da nossa democracia. Sobre os acontecimentos de hoje, é importante que se diga: a independência do Poder Judiciário brasileiro é um valor inegociável, e o Supremo Tribunal Federal seguirá firme no cumprimento de suas funções.”
O também ministro do STF, Flávio Dino, se solidarizou com Moraes: “Minha solidariedade pessoal ao ministro Alexandre de Moraes. Ele está apenas fazendo o seu trabalho, de modo honesto e dedicado, conforme a Constituição do Brasil. E as suas decisões são julgadas e confirmadas pelo colegiado competente (plenário ou 1ª Turma do STF)”, declarou pelas redes sociais.