
Preso em casa, o ex-presidente que tentou entregar o país carrega no tornozelo uma tecnologia 100% brasileira e à prova d’água
Bolsonaro, o ex-presidente que fez da submissão internacional uma marca registrada, cumpre hoje prisão domiciliar monitorado por uma tornozeleira eletrônica 100% nacional, soberana. O homem que desmontou políticas de autonomia e entregou setores estratégicos a interesses estrangeiros agora depende de um produto concebido no Brasil para limitar seus passos, enquanto Lula, que fez da soberania um eixo central de seu discurso e de sua prática política, defende a autonomia tecnológica, energética e ambiental e jamais precisou usar um equipamento do tipo, nem mesmo quando foi preso por motivação política.
Durante seu governo, Bolsonaro acumulou episódios de sabujice explícita: bateu continência à bandeira dos Estados Unidos, ofereceu a Amazônia para exploração em evento de investidores estrangeiros, cedeu o Centro de Lançamento de Alcântara a Washington, fragilizou a Petrobras e tentou privatizar a Eletrobras com cláusulas que amarravam a política energética nacional. Fora do cargo, a prática continua. Eduardo Bolsonaro, operando a partir dos Estados Unidos, articula para minar as relações entre Brasília e Washington depois do tarifaço de 50% imposto por Donald Trump. Nesta segunda-feira, segundo integrantes do governo, essa ofensiva teria influenciado o cancelamento da reunião entre o ministro Fernando Haddad e o secretário do Tesouro norte-americano, oficialmente suspensa por “falta de agenda”.
A tornozeleira de Bolsonaro, segundo análise empírica e comparação visual feita com auxílio de inteligência artificial, é muito semelhante ao modelo TZPR04, fabricado pela curitibana Spacecom, que domina 90% do mercado nacional. O desenho do visor, o detalhe circular logo abaixo e o logotipo em “S” estilizado reforçam essa identificação. Não há confirmação oficial. Outra possibilidade é que seja fabricada pela UE Brasil, concorrente sediada em Brasília. Nesse caso, a ironia ganharia contornos ainda mais saborosos: o nome do país que ele tantas vezes desdenhou ficaria gravado no aparelho que monitora seus movimentos.

Apesar da forte semelhança com o modelo da Spacecom, a análise de contratos recentes mostra que a UE Brasil mantém licitações e entregas ativas em estados e órgãos que poderiam estar vinculados ao processo de monitoramento do ex-presidente. Mesmo sem identificação fechada, se mantém intacta a ironia central: seja da Spacecom ou da UE Brasil, trata-se de um produto concebido e desenvolvido no Brasil, preso ao tornozelo de quem tentou reduzir o país a figurante no próprio território.
Independente do fabricante, a tecnologia nacional é resistente à água e apta a funcionar mesmo submersa, suportando desde uma brincadeira na piscina com seus asseclas até uma nova fuga improvisada de jet ski.
Hoje, sem poder fazer exibições públicas, Bolsonaro vive a contradição de depender de um símbolo da independência tecnológica que tentou enfraquecer. O Brasil que ele subordinou a interesses externos agora o vigia com precisão milimétrica, garantindo que cada passo, ou braçada, esteja devidamente registrado.