
O avanço do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) nas últimas pesquisas eleitorais abriu uma nova disputa interna no campo bolsonarista e passou a pressionar diretamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). No levantamento Genial/Quaest mais recente, Flávio apareceu numericamente mais competitivo que governadores da direita no segundo turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que levou aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a cobrarem de Tarcísio um apoio mais explícito ao filho do ex-chefe do Planalto.
A reação, no entanto, expôs divisões dentro da própria oposição, segundo o Globo. Parte do Centrão e lideranças conservadoras resistem à consolidação do nome de Flávio. O pastor Silas Malafaia, aliado histórico de Bolsonaro, defendeu publicamente uma alternativa com Tarcísio na cabeça de chapa e Michelle Bolsonaro como vice, afirmando que não vai “engolir” a candidatura do senador.
Dias após Flávio anunciar sua pré-candidatura, Tarcísio chegou a manifestar apoio, mas de forma considerada tímida por bolsonaristas.
“Flávio tem uma grande responsabilidade. A partir de agora ele se junta a outros grandes nomes da oposição que já colocaram os seus nomes à disposição”, declarou o governador, sinalizando que o campo conservador ainda teria múltiplas opções. Desde então, evitou retomar o tema publicamente.
A cobrança mais direta veio do deputado estadual Gil Diniz (PL-SP), que discursou na Assembleia Legislativa de São Paulo pedindo um compromisso formal do governador com o projeto de Flávio.
“O meu pré-candidato à Presidência se chama Flávio Bolsonaro. Eu gostaria também que o governador fosse mais claro nas suas posições. Ele deu apoio público ao Flávio, mas eu gostaria, inclusive, que se possível ele assinasse um compromisso que aqui em São Paulo o senador Flávio Bolsonaro terá o maior palanque que qualquer presidenciável já viu”, afirmou.

O discurso coincidiu com a divulgação da Quaest, que mostrou Flávio com 23% das intenções de voto em um cenário de primeiro turno que incluía Tarcísio, que marcou 10%. Lula apareceu com 41%.
Apesar do desempenho, a rejeição ao senador também é elevada: 60% dos eleitores que o conhecem dizem que não votariam nele, contra 47% no caso do governador paulista. Além disso, 54% consideram um erro o apoio de Bolsonaro ao filho.
Esse dado reforçou o argumento de Malafaia, que criticou a “falta de musculatura política” de Flávio e defendeu uma chapa “mais combativa”.
“Eu não vi ninguém do governo Lula atacar Flávio (após o anúncio da pré-candidatura). Que coisa interessante. É como se dissessem: ‘É esse aí mesmo que nós queremos’. Uma chapa para ser combativa, para ganhar uma eleição, é Tarcísio e Michelle como vice”, disse ao Metrópoles.
🚨URGENTE – Silas Malafaia defende candidatura de Tarcísio e Michele Bolsonaro vice, dizendo que só é possível ganhar assim
“Não vi ninguém do governo Lula atacar Flávio. Que coisa interessante. É como se dissessem: ‘É esse aí mesmo, é esse que nós queremos’ pic.twitter.com/bpBo0PXoNt
— SPACE LIBERDADE (@NewsLiberdade) December 16, 2025
A pré-candidatura de Flávio também enfrenta dificuldades para atrair siglas como PP, União Brasil, Republicanos e PSD. Mesmo assim, aliados avaliam que Tarcísio tende a se engajar no projeto por sobrevivência política.
Para o deputado Lucas Bove (PL-SP), o governador depende do eleitorado bolsonarista. “O Tarcísio estará conosco (com o bolsonarismo), até porque ele também sabe que, sem o presidente Bolsonaro, ele corre um sério risco”, afirmou.
A Quaest indica que, no eleitorado bolsonarista, Flávio tem vantagem clara: 91% das intenções de voto em um segundo turno contra Lula, contra 73% de Tarcísio.



