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Projeto de anistia a Bolsonaro não tem apoio na Câmara, diz Hugo Motta

Após a condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, seus aliados intensificaram a pressão por uma anistia ampla. No entanto, a articulação encontra forte resistência no Congresso. Segundo o jornal O Globo, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), avalia que o tema perdeu força política e não reúne apoio suficiente entre os deputados.

Pessoas próximas a Motta admitem que não há votos para aprovar um perdão irrestrito, o que inviabiliza a ideia de um “liberou geral”. Na segunda-feira (15), ele participou de um almoço com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio da Alvorada, onde ouviu um apelo para que a anistia não seja levada ao plenário.

Resistências no Congresso e no Judiciário

O Supremo Tribunal Federal (STF) já se posicionou contra um perdão total, considerando a medida inconstitucional. Motta, por sua vez, tem buscado evitar confrontos diretos com a Corte. No Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) articula uma alternativa: uma proposta de mudança no Código Penal para reduzir penas de condenados pelos crimes ligados ao 8 de Janeiro, como tentativa de golpe e abolição do Estado Democrático de Direito.

Na Câmara, líderes governistas pressionam por uma votação imediata que enterre de vez a urgência do projeto. “Eles precisam de 257 votos. Não deve ir à pauta, mas, se for, temos que derrotar”, afirmou o líder do PT, Lindbergh Farias (PT-RJ). No mesmo tom, Zeca Dirceu (PT-PR) reforçou: “A urgência não será votada, essa é a realidade hoje. Se mudar, vamos derrotar no voto. O governo tem atuado e a bancada também”.

Opinião pública e impacto político

Levantamento do Datafolha aponta que 54% dos brasileiros rejeitam a anistia a Bolsonaro, enquanto 39% a defendem. O desgaste atinge até aliados, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que vem defendendo abertamente o projeto. Segundo aliados de Motta, essa posição estaria prejudicando sua imagem pública.

Tarcísio é visto como aposta do Centrão para a sucessão presidencial, e partidos pressionam Bolsonaro a declarar apoio ao governador. Mesmo assim, as negociações conduzidas por PP e União Brasil priorizam uma versão mais restrita da anistia, sem incluir a recuperação da elegibilidade do ex-presidente.

Recuo e desgaste no PL

A situação se agravou após declarações de Valdemar Costa Neto, presidente do PL. Em evento em São Paulo, ele reconheceu que houve planejamento de golpe, mas tentou minimizar:
“Houve um planejamento de golpe, mas nunca aconteceu de fato. No Brasil, a lei diz que, se você planejar um assassinato, mas não executar, não é crime. O golpe não foi crime. O problema é que houve aquela confusão no 8 de Janeiro e o Supremo diz que aquilo foi golpe.”

A fala teve repercussão negativa, e Valdemar recuou no dia seguinte, alegando que suas palavras foram “mal interpretadas”. A correção, porém, não conteve críticas no próprio campo bolsonarista. O ex-ministro Ricardo Salles (Novo-SP) ironizou: “Ele é mestre em dizer o que pensa — geralmente contra a direita — e depois desdizer quando pega mal. Centrão sem posição é sempre assim”.

Outros nomes ligados a Bolsonaro, como o advogado Paulo Figueiredo, o ex-chefe da Secom Fabio Wajngarten e a deputada Caroline de Toni (PL-SC), também reagiram de forma dura, evidenciando fissuras internas no partido. Com Brasil 247

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