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EUA enfrentam isolamento global por apoio a Israel em meio a denúncias de genocídio

Em reunião do Conselho de Segurança da ONU, realizada neste domingo (10), a representante dos Estados Unidos, Dorothy Shea, reiterou que “Israel tem o direito de decidir o que precisa fazer para sua segurança e quais medidas deve tomar para acabar com a ameaça representada pelo Hamas”, mesmo diante do genocídio promovido pelo governo israelense no território palestino. A declaração ocorreu após o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciar um plano de “ocupação total” da Cidade de Gaza e de ampliação do controle sobre a região.

Shea criticou a convocação da reunião emergencial, classificando-a como exemplo da “natureza contraproducente” de alguns governos no Conselho e na própria ONU. Para a diplomata, ações como essa prejudicam os esforços de resolução do conflito. Ignorando a fome generalizada que assola Gaza, a representante norte-americana concentrou sua fala na situação dos reféns israelenses sob controle do Hamas, afirmando que não se pode permitir que “continuem sendo privados de comida até a morte”.

O diplomata israelense Jonathan Miller declarou que o plano não representa uma conquista territorial, mas sim parte da resposta contra o Hamas. Segundo ele, o objetivo de Israel não é “tomar Gaza”, mas libertá-la do grupo e permitir que surja um governo pacífico, garantindo estabilidade e paz.

Isolamento de EUA e Israel
A posição defendida por Estados Unidos e Israel ficou isolada entre os membros do Conselho de Segurança. Os demais integrantes permanentes e todos os países não permanentes, incluindo representantes europeus, manifestaram apoio a um cessar-fogo imediato, à entrada de ajuda humanitária e à solução de dois Estados, além de condenarem o plano israelense de ocupação.

A representante da Dinamarca, Christina Markus Lassen, defendeu uma investigação independente sobre a morte de palestinos famintos que aguardavam distribuição de alimentos. Ela destacou que a maioria das vítimas era formada por jovens e crianças, e que “as condições na Faixa de Gaza são comparáveis à fome” — situação que considerou impensável e inaceitável.

O embaixador da China, Fu Cong, pediu que o Conselho impeça a implementação do plano de ocupação. Para ele, Gaza é parte inseparável do território palestino, e qualquer tentativa de alterar sua demografia deve ser firmemente rejeitada. O diplomata alertou que 200 pessoas já morreram de inanição e classificou a punição coletiva contra a população como “inadmissível”.

Já o representante russo, Dmitry Polyanskiy, afirmou que o anúncio de ocupação viola o direito internacional e demonstra “total desrespeito” às decisões do Conselho. Ele também questionou como um povo que sofreu o Holocausto pode submeter outro a tamanho sofrimento, criticando a postura dos Estados Unidos, que, segundo ele, permitem que Israel aja livremente, inclusive em Jerusalém Oriental.

Palestina acusa sabotagem à paz
O embaixador palestino Riyad Mansour denunciou a crise humanitária em Gaza e acusou Israel de prolongar a guerra para impedir a criação de um Estado palestino. Ele afirmou que mais de dois milhões de pessoas vivem em condições insuportáveis e defendeu ação imediata para interromper o genocídio.

Mansour apresentou um plano, elaborado com França e Arábia Saudita, que prevê que a Autoridade Nacional Palestina assuma o governo e a segurança de Gaza, com apoio internacional, e que o Hamas entregue suas armas nesse contexto. Segundo ele, a proposta estabeleceria uma base irreversível para um Estado palestino soberano e pacífico.

O diplomata também desafiou Netanyahu e os países que negam a fome em Gaza a permitirem a entrada de jornalistas e representantes internacionais para verificarem a situação no local.

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