
O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, anunciou nesta segunda-feira (11) que o país vai reconhecer o Estado palestino na próxima Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro. “A Austrália considerará o direito do povo palestino de ter o seu próprio Estado. A paz será apenas temporária enquanto israelenses e palestinos não tiverem seus respectivos Estados permanentes”, afirmou.
A iniciativa se junta a de outros países, como Canadá, França e Reino Unido, que anunciaram a intenção de reconhecer o Estado palestino, desde que Israel iniciou o massacre contra a população de Gaza, há quase dois anos.
Segundo a AFP, pelo menos 145 dos 193 membros da ONU reconheceram ou pretendem reconhecer o Estado palestino. Destes, 9 se declararam após as denúncias do genocídio de Israel na Faixa de Gaza: Armênia, Jamaica, Trinidad e Tobago, Barbados, Bahamas, Noruega, Espanha, Irlanda e Eslovênia.
A maioria dos países da Europa Ocidental e América do Norte, quase todos os países da Oceania, Japão e Coreia do Sul, alguns da América Latina e África, não reconhecem o Estado palestino.
O primeiro-ministro australiano disse que recebeu garantias da Autoridade Palestina de que “não haverá nenhum papel para os terroristas do Hamas em um futuro Estado palestino”.
O movimento destes países aumenta a pressão internacional contra as ações do governo de Benjamin Netanyahu, que conduz uma ofensiva militar que já causou mais de 60 mil mortes na Faixa de Gaza.
A maioria dos países que reconhecem a Palestina apoia a proposta de dois Estados, considerando a permanência de Israel no território. O Brasil reconhece a soberania palestina desde 2010, ainda no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Israel quer ampliar controle
Na sexta-feira, o gabinete de segurança israelense aprovou o plano de Netanyahu para tomar o controle da Cidade de Gaza. O anúncio foi rechaçado pela comunidade internacional, com exceção dos Estados Unidos.
A Alemanha reagiu anunciando a suspensão das exportações de armas para Israel no uso em Gaza, e a Arábia Saudita criticou o plano israelense. Turquia, Austrália e Espanha condenaram a decisão do governo de Netanyahu, o Reino Unido qualificou como “erro”, a China declarou estar “muito preocupada”, e a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu a Israel para “reconsiderar” seu plano.
A nova fase do genocídio deve causar o deslocamento de um milhão de pessoas que ainda vivem na Cidade de Gaza.
Ações pelo reconhecimento
Em 15 de novembro de 1988, durante a Primeira Intifada, o líder palestino Yasser Arafat proclamou unilateralmente um Estado palestino independente e Jerusalém como sua capital.
O anúncio foi realizado em Argel, capital da Argélia, durante uma reunião do Conselho Nacional Palestino no exílio, que adotou como objetivo a solução de dois Estados, um israelense e um palestino.
A Argélia foi o primeiro país a reconhecer oficialmente o Estado palestino. Em poucas semanas, quase 40 países, incluindo China, Índia, Turquia e a maioria dos Estados árabes, adotaram a política. Pouco depois, quase todos os países africanos e nações do bloco soviético seguiram o mesmo caminho.
A partir de 2010, primeiro o Brasil e, depois, Argentina, Bolívia, Equador, Chile, Peru e Uruguai reconheceram o Estado palestino. Venezuela, Cuba, Nicarágua, Costa Rica, Colômbia, Honduras e El Salvador também reconhecem a Palestina.
A Unesco foi a primeira organização multilateral da ONU a abrir suas portas para os palestinos, em 2011, o que gerou indignação em Israel e nos Estados Unidos. Em uma votação histórica em novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU votou a favor de conceder aos palestinos o status de Estado observador nas Nações Unidas.
Isso abriu caminho para integrar em 2015 o Tribunal Penal Internacional (TPI) e permitiu a abertura de investigações sobre operações militares israelenses nos territórios palestinos. Estados Unidos e Israel criticaram a decisão.
Com AFP
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