POLÍTICA

Donald Trump molda sistema de Justiça a seus interesses

O presidente do Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Ken Cedeno/Reuter

De maneira inédita na história do país, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está conseguindo adequar o sistema de Justiça local a seus interesses pessoais. A investida toma forma por meio de uma ofensiva aberta contra os três pilares do sistema: juízes, promotores públicos e escritórios de advocacia que contrariam a agenda política do mandatário.

É o que afirma o jornalista Naftali Bendavid, do jornal Washington Post, em reportagem reproduzida pelo Estadão. Segundo Bendavid, estão sob a mira da equipe de Trump magistrados cujas decisões ele desaprova, promotores públicos que são demitidos por cumprirem suas funções e escritórios que patrocinam a defesa de clientes que o presidente considera desafetos.

O jornalista afirma que Trump quebra tabus ao usar, como instrumento de perseguição a inimigos, um sistema de Justiça conhecido por sua independência.

Exemplo disso, observa Bendavid, foi a ordem dada pelo atual presidente para abertura de investigação contra seu adversário político e antecessor no cargo, o ex-presidente Joe Biden, e contra funcionários do governo de Barack Obama por questões já refutadas.

A reportagem cita o advogado constitucionalista Bruce Fein, que atuou no Departamento de Justiça nas gestões de Richard Nixon, Gerald Ford e Ronald Reagan. Segundo ele, Trump tenta transformar o ministério em um “braço político da Casa Branca” ao mandar advogados da pasta sustentarem, nos tribunais, posições inverossímeis em discussões como deportação, por exemplo.

Jeffrey Epstein e Donald Trump

Epstein, Bolsonaro e ‘despolitização’

Nos últimos dias, a pressão sobre o Departamento de Justiça também buscou afastar Trump do escândalo envolvendo os arquivos sobre o magnata financeiro e criminoso sexual Jeffrey Epstein, encontrado morto na prisão em 2019.

Nessa frente, afirma a reportagem, o departamento foi responsável por transferir a principal associada de Epstein, Ghislaine Maxwell — que foi condenada a 20 anos de prisão por crimes sexuais —, para um estabelecimento de segurança mínima — “uma mudança que muitos especialistas consideram incomum” para alguém com o histórico dela, observa Bendavid.

A equipe de Trump também avança sobre os sistemas de Justiça de outros países. Exemplo disso foi a imposição de tarifas de 50% sobre produtos do Brasil por causa da insatisfação do americano com a ação penal contra Jair Bolsonaro.

A Casa Branca, por sua vez, afirma que foi a gestão Biden que transformou o Departamento de Justiça em um instrumento de perseguição ao buscar a responsabilização de Trump por episódios de seu primeiro mandato e que, ao contrário do que diz a reportagem, é o atual presidente quem tenta despolitizar o departamento.

Originalmente publicado por Conjur

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