POLÍTICA

Dia dos Pais: saiba quem criou e por que é em agosto no Brasil

O Dia dos Pais, criado pelo jornal O GLOBO, foi comemorado pela primeira vez em 16 de agosto de 1953. Foto: Reprodução

O Dia dos Pais será celebrado no Brasil em 10 de agosto de 2025, seguindo a tradição de ocorrer sempre no segundo domingo do mês. Apesar de hoje ser uma data consolidada no calendário nacional, nem sempre foi assim. A primeira comemoração oficial aconteceu em 1953, batizada como “Dia do Papai” e promovida por Sylvio Bhering, então diretor do jornal e da Rádio Globo, no Rio de Janeiro.

A campanha, inspirada em modelos internacionais, tinha como objetivo homenagear os pais e movimentar o comércio em um período do ano com vendas mais fracas. A estreia foi marcada para 16 de agosto, data escolhida por coincidir com o Dia de São Joaquim, considerado pela Igreja Católica o pai da Virgem Maria e patriarca da família.

A ligação religiosa ajudava a dar peso à novidade, enquanto o apelo comercial visava estimular presentes e confraternizações. O jornal O Globo anunciou a criação da data em 1º de junho de 1953, atendendo ao que descreveu como “pedidos de leitores” que queriam uma celebração semelhante ao Dia das Mães.

No dia 15 de agosto daquele ano, véspera da primeira comemoração, o jornal estampou na capa uma mensagem de reconhecimento aos pais, exaltando sua dedicação e amor. A iniciativa foi bem recebida, espalhou-se rapidamente para outras regiões e, nos anos seguintes, passou a ser chamada oficialmente de “Dia dos Pais”.

A popularidade fez com que a data fosse fixada no segundo domingo de agosto, alinhando-se ao formato do Dia das Mães, comemorado no segundo domingo de maio. O mês de agosto foi escolhido por motivos estratégicos.

Diferentemente de junho e julho, que já contavam com festas juninas e férias escolares, agosto não possuía grandes datas comerciais, abrindo espaço para campanhas publicitárias fortes.

Além disso, a proximidade com o Dia de São Joaquim reforçava a legitimidade da celebração em um país de maioria católica. Essa combinação de tradição e marketing garantiu que a data se tornasse parte do calendário nacional.

Capa do jornal “O Globo” de 15 de agosto de 1953, véspera da primeira celebração do “Dia dos Pais” no Brasil. Foto: Divulgação

Presentes comuns nos anos 1950, como sapatos, camisas e meias, continuam populares até hoje. Outros itens que antes faziam sucesso, como gravatas e discos de ópera, perderam espaço para eletrônicos, acessórios e experiências personalizadas.

A essência, porém, permanece: reforçar o vínculo entre pais e filhos por meio de gestos simbólicos e encontros familiares. Embora consolidado no Brasil, o Dia dos Pais varia bastante ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, a celebração acontece no terceiro domingo de junho.

Em Portugal, Espanha e Itália, a data é no dia 19 de março, Dia de São José. Na Austrália e Nova Zelândia, o evento é realizado no primeiro domingo de setembro, enquanto na Tailândia ocorre em 5 de dezembro, no aniversário do rei Bhumibol Adulyadej. Já na Alemanha, a comemoração acontece 39 dias após a Páscoa.

As origens internacionais também são diversas. A versão moderna surgiu nos Estados Unidos no início do século XX, quando Sonora Louise Smart Dodd decidiu homenagear seu pai, um veterano da Guerra Civil que criou sozinho seis filhos.

Já no Oriente Médio, registros históricos indicam que a tradição de homenagear pais existe há mais de 4 mil anos, com relatos de que o filho do rei Nabucodonosor moldou um cartão de argila para o pai na Babilônia. No Brasil, a união entre simbolismo religioso, inspiração estrangeira e planejamento de mercado transformou o segundo domingo de agosto em um dos dias mais importantes do calendário afetivo e comercial do ano.

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