O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), classificou como “baderna” o motim promovido por parlamentares bolsonaristas nesta semana, que interrompeu os trabalhos legislativos por mais de 30 horas. Em entrevista à CNN Brasil nesta sexta-feira (8), Motta afirmou que o episódio foi um ataque às instituições, comparando-o ao 8 de janeiro de 2023.
“Preciso ter temperança, serenidade, equilíbrio para que essas questões elas possam ser construídas da melhor maneira possível, respeitando a maioria da Casa, dialogando com o próprio Senado […] Eu tenho tido uma boa relação com os ministros que respeito, que entendo também o momento que o Supremo tá vivendo. O que aconteceu no 8 de janeiro não foi simples, foi um ataque às instituições do nosso país”, disse.
O presidente da Câmara rejeitou qualquer tentativa de minimizar o ato. “Não estou aqui defendendo o que aconteceu no 8 de janeiro, longe de mim. Foi uma tentativa de golpe, presidente. Eu vejo como um ataque às instituições do nosso país. Não acho que foi feito de forma organizada, foi uma grande baderna”. Ele reforçou que busca manter independência em relação aos outros Poderes, mas aposta no diálogo como forma de resolver impasses.
“Ataque de 8/1 não foi feito de forma organizada, foi baderna”, diz Hugo Motta; assista #BastidoresCNN pic.twitter.com/snEr81qKl3
— CNN Brasil (@CNNBrasil) August 8, 2025
A manifestação foi organizada por deputados da oposição em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O grupo exigia a votação de pautas como o fim do foro privilegiado e a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. Entre terça-feira (5) e quarta-feira (6), parlamentares ocuparam a Mesa Diretora e impediram que Motta conduzisse as sessões deliberativas.
Bolsonaristas punidos
No centro da discussão está o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), apontado como um dos principais responsáveis pelo bloqueio. Ele se sentou na cadeira do secretário-geral da Mesa e se recusou a deixá-la mesmo com a chegada de Motta ao plenário. Aliados do presidente da Câmara defendem punição exemplar, com suspensão de seis meses do mandato, para “dar o exemplo” e evitar novas tentativas de tumulto.
Além de Van Hattem, outros quatro deputados são alvo de pedidos de punição: Júlia Zanatta (PL-SC), Marcos Pollon (PL-MS), Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Zé Trovão (PL-SC).
O PT, ao lado de PSB e PSOL, protocolou formalmente o requerimento para que a Mesa Diretora adote sanções contra o grupo. Nos bastidores, Van Hattem é tratado como a “bola da vez” por ter assumido uma das cadeiras da Mesa, gesto visto como simbólico e provocativo.
Na quinta-feira (7), Motta indicou que a direção da Casa está avaliando medidas. “Existem pedidos de lideranças para punir este ou aquele deputado. Estamos avaliando. É uma decisão conjunta da Mesa. Mas está, sim, em avaliação a possibilidade de punição a alguns parlamentares que se excederam, digamos assim, do ponto de vista de dificultar o reinício dos trabalhos”, afirmou em entrevista ao portal Metrópoles.
