
A decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria causado desconforto entre colegas do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, deixando o magistrado politicamente isolado na Corte. Segundo a colunista, fontes do Judiciário revelaram que mesmo ministros que não participam do julgamento do caso consideram a medida exagerada e juridicamente frágil.
Outros membros do Supremo teriam apontado a contradição na argumentação de Moraes. De acordo com a jornalista, eles destacaram que, em decisão anterior, o ministro havia autorizado Bolsonaro a “proferir discursos em eventos públicos ou privados”, mas depois o puniu por participar remotamente de manifestação em Copacabana no domingo (3).
Na ocasião, o ex-presidente limitou-se a dizer: “Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos”.
No entanto, Bolsonaro também esteve em uma publicação do senador Flávio (PL-RJ), seu primogênito, que apagou o conteúdo das redes sociais no mesmo dia, além de participar do ato em São Paulo via chamada de vídeo com o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).

Do ponto de vista político, integrantes do STF afirmam que a medida quebrou o consenso favorável à Corte que vinha se formando contra as ações do presidente estadunidense Donald Trump. “Antes da prisão, a população e as elites rejeitavam claramente as atitudes de Trump. Agora, a conta do tarifaço começou a cair no colo do STF”, disse um magistrado sob condição de anonimato.
A decisão ocorreu em momento delicado, quando o STF e Moraes enfrentam sanções americanas pela Lei Magnitsky. Internamente, a medida foi vista como contraproducente por setores que avaliavam estar o Supremo ganhando a batalha de narrativas contra Trump e Bolsonaro.
Pesquisas anteriores mostravam que:
– A maioria dos brasileiros reprovava as críticas de Trump à família Bolsonaro;
– A reação do presidente Lula em defesa da soberania nacional tinha amplo apoio;
– Empresários e especialistas condenavam quase unanimemente a postura dos EUA.