
Integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Polícia Federal (PF) avaliam que Jair Bolsonaro (PL), sem alternativa jurídica viável, adotou uma estratégia deliberada de provocar sua própria prisão para reforçar o discurso de perseguição política, conforme informações do blog da Andréia Sadi, do G1.
A análise nos bastidores é que o ex-presidente buscava sustentar a narrativa de que é vítima de censura por parte do ministro Alexandre de Moraes.
Bolsonaro está em prisão domiciliar após decisão de Moraes nesta segunda-feira (4). A nova medida cautelar impõe restrições adicionais: o ex-capitão está proibido de usar celular e de receber visitas que não tenham sido previamente autorizadas pela Justiça.
Ele já estava submetido ao uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e impedido de se comunicar com diplomatas, parlamentares aliados e de usar redes sociais, direta ou indiretamente.
“Tudo ou nada”
Para membros do STF e da PF, o ex-presidente tem usado uma tática de confronto direto com o Supremo, apostando na escalada da crise institucional como forma de mobilizar sua base.
Segundo autoridades, ele aposta no discurso de que está sendo “censurado”, referindo-se à proibição imposta por Moraes ao uso das redes sociais. O objetivo seria criar um novo capítulo de vitimização para alimentar sua militância, sobretudo no ambiente digital.

A estratégia, avaliam os investigadores, tem como foco ampliar o desgaste da Corte e forçar reações mais duras, como a própria prisão domiciliar. Bolsonaro opera na lógica do “tudo ou nada”. A avaliação é que ele tenta deixar o Supremo sem alternativas, empurrando a Corte a tomar decisões que reforcem a retórica de perseguição.
Entre aliados do ex-presidente, o sentimento é parecido: Bolsonaro estaria “no fim das fichas” para sustentar o embate com o STF. Mesmo diante do aconselhamento de advogados, a decisão foi manter o tom de confronto.
Um exemplo foi a postagem feita pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no domingo (3), durante as manifestações. O vídeo, posteriormente apagado após recomendação jurídica, foi usado por Moraes como parte da justificativa para endurecer as medidas contra o ex-presidente.
Outro fator considerado para a decisão foi a chamada de vídeo entre o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) e Bolsonaro durante o ato na avenida Paulista, também no domingo. Mesmo em silêncio na ligação, Bolsonaro foi citado por Moraes como peça de uma tentativa de coagir o STF e obstruir a Justiça.