
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (4) que Brasil e Estados Unidos estão próximos de fechar um acordo bilateral sobre mineração de terras raras e minerais críticos. Em entrevista à BandNews, Haddad destacou o potencial de cooperação entre os países no setor, essencial para a transição energética global.
“Em se tratando da maior economia do mundo, o Brasil pode participar mais do comércio bilateral. E sobretudo de investimentos estratégicos. Temos minerais críticos e terras raras. Os EUA não são ricos nesses minerais. Nós podemos fazer acordos de cooperação, para produzir baterias mais eficientes. Na área tecnológica temos muito aprender e ensinar”, disse o ministro.
Estudos do governo brasileiro indicam que a crescente demanda por baterias de veículos elétricos e tecnologias verdes deve pressionar o mercado de minerais como lítio, cobalto, níquel e grafite até 2030. O governo estadunidense, por sua vez, já sinalizou que o acesso a esses recursos será prioritário em sua política externa.
No mês passado, o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, confirmou o interesse dos Estados Unidos nos minerais críticos brasileiros. Haddad ressaltou a necessidade de “despolitizar” as negociações e focar nos benefícios comerciais.

O ministro criticou a redução da presença americana na América do Sul e pediu maior engajamento dos EUA: “Estamos há mais de dois anos sentados com as autoridades americanas, dizendo a eles ‘vocês têm que voltar a investir na América do Sul, vocês estão se retirando da América do Sul, vocês têm que voltar a investir, voltar a gerar emprego, transmitir tecnologia. Para nós é importante a integração do continente americano. Então, a presença de vocês é bem-vinda, é necessária’”.
Haddad também destacou o potencial de exportação do Pix, sistema de pagamentos instantâneos brasileiro: “É uma tecnologia desenvolvida ao longo de pouco mais de dez anos e que hoje é referência mundial. Nós não somos o único detentor dessa tecnologia. Há alternativas, mas o Brasil largou na frente em moeda digital. Então, para quem está com medo de cripto, para quem está com medo de desdolarização, nós temos uma tecnologia que pode interessar, pode interessar muito ao mundo”.
Apesar do otimismo, as tratativas enfrentam obstáculos logísticos e políticos. Haddad revelou dificuldades para agendar uma reunião com Scott Bessent, secretário do Tesouro estadunidense.
“O secretário Bessent concentra uma quantidade enorme de acordos, são dezenas de países sob sua responsabilidade. Até semana passada ele estava na Europa […] e disse que antes de voltar aos EUA teria muita dificuldade de ter janela para uma reunião ainda que virtual comigo”, disse.
Enquanto isso, o governo brasileiro prepara um pacote de medidas para empresas afetadas por eventuais mudanças no comércio exterior. O plano inclui linhas de crédito e compras governamentais, com foco em companhias que produzem sob demanda para o mercado dos EUA.