POLÍTICA

Bukele ironiza críticas à reeleição sem limite: “Se fosse país rico, ninguém reclamava”

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele. Foto: Divulgação

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, frequentemente exaltado por apoiadores de Jair Bolsonaro, afirmou neste domingo (3) que a aprovação da reeleição presidencial sem limite de mandatos não significa o “fim da democracia”.

A declaração ocorre após a forte reação internacional contra a reforma constitucional aprovada de forma acelerada pelo Congresso do país, que também estendeu o mandato presidencial de cinco para seis anos e eliminou o segundo turno eleitoral.

A medida foi aprovada com apoio de uma maioria parlamentar alinhada ao governo. A mudança, segundo Bukele, não é diferente do que já ocorre em países considerados desenvolvidos.

Em sua conta na rede X (antigo Twitter), o presidente escreveu que “90% dos países desenvolvidos permitem a reeleição indefinida de seus chefes de governo, e ninguém se incomoda”. Ele classificou as reações como hipócritas e afirmou que as críticas só acontecem porque El Salvador é “um país pequeno e pobre”.

Bukele ironizou os questionamentos ao afirmar que, se El Salvador adotasse o modelo parlamentar de nações como Reino Unido ou Dinamarca, ainda assim haveria condenação internacional. Para ele, as críticas não se baseiam no sistema político, mas no fato de que o país estaria desafiando uma lógica de subordinação ao Norte global. “Você não deve fazer o que eles fazem. Você deve fazer o que eles dizem. E se espera que permaneça em seu lugar”, escreveu.

O presidente, que tomou posse em 2019 e foi reeleito em 2024 com mais de 85% dos votos, sustenta grande apoio popular, especialmente por sua política de combate às gangues. Desde 2022, seu governo mantém um regime de exceção que resultou na prisão de mais de 80 mil pessoas, com queda expressiva nos índices de homicídio.

Ainda assim, a iniciativa é fortemente criticada por organizações de direitos humanos por violar garantias constitucionais. A aprovação da reforma constitucional ocorreu em meio a um ambiente de repressão política.

Grupos como a Anistia Internacional, Human Rights Watch (HRW) e o Escritório em Washington para Assuntos Latino-Americanos (WOLA) classificaram a medida como uma “manipulação do Estado de Direito” para prolongar o poder de Bukele. A HRW afirmou que se trata de um “golpe mortal contra a democracia salvadorenha”.

A consolidação do controle político de Bukele também foi marcada por uma série de detenções de críticos, ativistas e jornalistas. Nos últimos meses, dezenas de opositores deixaram o país alegando perseguição judicial e censura. O ambiente repressivo tem gerado alertas sobre o risco de retrocesso democrático na América Central.

Apesar da resistência internacional, Bukele tem reiterado que sua prioridade é garantir estabilidade interna. Ele já declarou anteriormente que não se importa com o rótulo de “ditador” e que sua política de segurança pública é justificada pelos resultados.

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