
Uma pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (3) revela que 61% dos brasileiros não votariam em candidatos que defendem anistiar Jair Bolsonaro (PL) por sua tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022. O levantamento mostra um desgaste crescente na imagem do ex-presidente, inclusive entre eleitores de direita. A rejeição à anistia é ampla entre mulheres (67%), jovens de 16 a 24 anos (67%) e moradores do Nordeste (70%).
Realizado nos dias 31 de julho e 1º de agosto, o levantamento ouviu 2.016 eleitores em 113 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos percentuais. A pesquisa ainda indica que apenas 26% aceitariam votar em quem defende livrar Bolsonaro das consequências jurídicas dos atos de 8 de janeiro. Outros 12% disseram que “talvez” votassem em um candidato com essa bandeira.
A rejeição à defesa de Bolsonaro ocorre num momento em que parlamentares bolsonaristas, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), intensificam a pressão pela aprovação de uma anistia aos envolvidos nos ataques golpistas ao STF, Congresso e Palácio do Planalto. Essa pauta, no entanto, parece perder tração diante da impopularidade e dos custos eleitorais associados à defesa do ex-presidente.

Entre os potenciais candidatos mais ligados ao bolsonarismo estão Tarcísio de Freitas (Republicanos), Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União Brasil), que têm tentado se equilibrar entre o apoio ao bolsonarismo e a construção de uma imagem mais institucional. O Datafolha indica que, para conquistar o eleitorado mais amplo, será necessário se distanciar das pautas mais radicais.
O próprio Bolsonaro enfrenta sanções da Justiça, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e proibição de sair de casa aos fins de semana, por conta da investigação sobre a trama golpista. A mobilização bolsonarista em defesa do ex-presidente, como os atos realizados no dia 3 de agosto: tem tido adesão abaixo do esperado, com presença esvaziada inclusive em São Paulo, principal reduto eleitoral do grupo.
Com esse cenário, cresce a pressão sobre os aliados de Bolsonaro para repensar a estratégia de campanha para 2026. Apoiar publicamente a impunidade do ex-presidente pode representar um fardo político. A pesquisa mostra que o centro e a esquerda podem explorar esse desgaste, enquanto nomes da direita terão que calcular até onde vale manter a lealdade a Bolsonaro.